Economia

Petróleo cai para mínimas desde 2017 por temores do coronavírus

27 fev 2020, 17:55 - atualizado em 27 fev 2020, 17:55
Petróleo
A Rússia também anunciou seu comprometimento em apoiar os cortes de produção sugeridos por seus aliados da Opep (Imagem: Unsplash/@zburival)

Temores de que o petróleo irá perder mais demanda do que consegue aguentar no curto prazo fizeram com que os preços atingissem mínimas de 2017 na quinta-feira (27), enquanto a liderança da Opep buscava acalmar o mercado.

A Rússia também anunciou seu comprometimento em apoiar os cortes de produção sugeridos por seus aliados da Opep, cartel de que Moscou não é membro mas coopera para manter os preços do petróleo altos.

Os russos fazem parte da aliança Opep+ desde 2016.

Mas eles também jogaram um jogo de gato e rato nas últimas semanas com o líder do cartel, a Arábia Saudita, sobre se apoiariam novos cortes de 600 mil barris por dia.

Esses cortes foram sugeridos pela maioria dos 23 membros da aliança para compensar a demanda perdida pela crise do coronavírus.

Brent, referência global para o petróleo bruto negociado em Londres, estava em queda de US$ 1,33, ou 2,52%, a US$ 51,48 por barril, às 17h40 (horário de Brasília). Anteriormente, o índice atingiu a mínima de US$ 50,39 de agosto de 2017, e agora se coloca a caminho de testar o suporte de US$ 50 mantido desde janeiro de 2019.

WTI, referência dos EUA, caiu US$ 1,86, ou 3,8%, para US$ 46,88 por barril.

O petróleo caiu enquanto as ações dos EUA tiveram queda pelo sexto dia seguido após os Estados Unidos terem reportado seu primeiro possível caso de “infecção de comunidade” pelo coronavírus envolvendo um indivíduo que havia desenvolvido os sintomas apesar de não ter viajado para fora do país ou estado em contato com outra pessoa infectada.

Os preços do petróleo, no entanto, se recuperaram após as quedas da quinta-feira após o secretário geral da Opep, Mohammad Barkindo, ter tentado colocar bases no mercado (Imagem: REUTERS/Yves Herman)

“A disseminação do vírus está causando não apenas medo, mas destruição da demanda por petróleo e temor de uma potencial destruição de demanda que pode vir”, disse Phil Flynn, analista de energia do Price Future Group de Chicago.

Flynn citou dados da Administração de Informação de Energia dos EUA que mostram que a demanda por combustível para aviões caiu 8% em relação ao ano passado, com voos sendo cancelados ao redor do mundo.

“A Opep e a Rússia ainda estão pensando e debatendo como responder com cortes de produção”, disse ele. “É difícil defender bem o final, embora tecnicamente devamos estar perto de um.”

A Administração de Informação de Energia também disse que espera que o crescimento da demanda mundial por petróleo caia em 310 mil barris por dia até o fim de 2020.

A Agência Internacional de Energia, com sede em Paris, por outro lado, prevê que a demanda global irá cair em 435 mil barris por dia no primeiro trimestre, em comparação com o mesmo período de 2019.

Os preços do petróleo, no entanto, se recuperaram após as quedas da quinta-feira após o secretário geral da Opep, Mohammad Barkindo, ter tentado colocar bases no mercado.

“Há um comprometimento renovado” na aliança “para construir um consenso para uma ação conjunta para mitigar a atual hiper volatilidade no mercado”, Barkindo disse à Bloomberg em uma entrevista da Arábia Saudita.

O ministro de Energia russo Alexander Novak foi citado pela mídia estatal dizendo que Moscou quer continuar sua cooperação bilateral e multilateral com a Arábia Saudita.

“Nunca tivemos essas diferenças”, acrescentou Novak, implicando que algum tipo de acordo sobre cortes de produção deve acontecer quando os 13 membros originais da Opep e os 10 aliados liderados pela Rússia se encontrarem em uma reunião nos dias 5 e 6 de março em Viena.

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