Petróleo

Petróleo desaba com ‘avalanche de juros’ pelo mundo

22 jun 2023, 14:27 - atualizado em 22 jun 2023, 14:27
Rússia, Petróleo
Petróleo tem dia de fortes quedas, em razão de decisões monetárias. (Imagem: REUTERS/Maxim Shemetov)

Investidores do mercado de petróleo enfrentam um dia sangrento nesta quinta-feira (22), não resistindo a uma verdadeira avalanche de decisões hawkish dos bancos centrais na Europa e nos Estados Unidos.

Por volta das 14h, o WTI (referência americana) e o Brent (referência internacional) caem, respectivamente, 4,33% e 4%. Com o desempenho do dia, ambas as referências acabam devolvendo os ganhos obtidos desde o dia 15.

Depois de usufruir da primeira semana positiva em cerca de um mês e meio, a commodity energética voltou para um tom mais defensivo, com o acúmulo de mensagens altistas no que diz respeito aos juros.

O aumento dos juros básicos nas economias desenvolvidas mina a perspectiva de crescimento global, com impacto direto na demanda por commodities energéticas, como é o caso do petróleo.

A avalanche de juros nos países desenvolvidos

Em audiência ao Senado, Jerome Powell reiterou a sua fala de ontem e defendeu que novas altas serão necessárias para combater a inflação.

Na semana passada, o Federal Reserve optou por uma pausa “estratégica” no aperto, para avaliar o impacto cumulativo na economia das 10 altas de juros exercidas desde março de 2022 nos Estados UnidosNa maior economia do mundo, a taxa de juros está entre 5-5,25%. 

Do outro lado do Atlântico, ao menos três decisões altistas chacoalham os mercados. Começando pelo Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), que elevou hoje mais cedo, a taxa-base de juros em 0,5 ponto percentual, mais do que o esperado pelos analistas. Os juros por lá chegaram a 5,0%. 

O Banco Central da Noruega (Norges Bank, em inglês) foi outra surpresa hawkish para os mercados. A autoridade monetária elevou em 0,50 ponto percentual a taxa-base de juros do país escandinavo, que se encontra agora a 3,75% no ano. 

O BC Suíço (SNB, na sigla em inglês) optou por um aumento mais em linha com as expectativas, de apenas 0,25 ponto percentual. Ainda assim, o comunicado da instituição apontou para tendências persistentes da inflação e deixou aberto novos incrementos daqui em diante. Após decisão, a taxa suíça fica em 1,75%.  

Por fim, vale relembrar que na semana passada, o Banco Central Europeu (BCE) optou por um aumento de 0,5o ponto percentual na taxa de juros da zona do euro.

A presidente do BCE Christine Lagarde rechaçou a possibilidade de uma pausa no aperto monetário, como ocorreu no caso do Fed. Sem meias-palavras, Lagarde deixou claro que o caminho mais certo para a reunião de julho é mais uma nova alta nos juros da área comum. Atualmente, a taxa principal de refinanciamento do BCE está aferida em 4,0%. 

China na contramão

Enquanto os países do Ocidente agem em bloco para elevar os juros, a segunda economia do mundo enfrenta um problema frontalmente oposto: a deflação.

A China tenta escapar de um franco processo de desaceleração econômica, fincado, entre outros fatores, na imobilidade do setor de construção civil (outrora motor do crescimento) e da falta de apetite por consumo da população.

Almejando estímulos, o Banco Popular da China (PBoC, na sigla em inglês) executou cortes de juros nas taxas de curto, médio e longo-prazo.

Embora a medida tenha agraciado os mercados de petróleo na semana passada, ela não foi suficiente para inverter o comportamento pessimista (bearish), que permanece dando as cartas. Nesse contexto, diversos bancos de investimento revisitaram suas projeções para o Brent, cortando o preço-alvo do barril para 2023 e 2024.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.