Por que o BTG vê piso do petróleo mais alto que o mercado

O BTG Pactual avalia que o pessimismo do mercado de petróleo está exagerado, de acordo com relatório assinado por Leonardo Correa e equipe.
Enquanto o consenso enxerga um piso de US$ 50–55 por barril, os analistas do banco projetam que o Brent deve se sustentar mais próximo de US$ 55–60, apoiado em tensões geopolíticas, riscos de interrupção de fornecimento e nas respostas históricas de política que tendem a limitar quedas mais profundas.
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Na véspera, o Brent fechou a US$ 69,42 por barril.
Segundo o banco, sempre que o Brent cai abaixo de US$ 60, dois movimentos recorrentes entram em cena: a recomposição de reservas estratégicas por parte de China e EUA e a disposição da Opep em intervir com cortes de produção.
Esse padrão, reforçado pela necessidade estrutural de reinvestimentos para compensar taxas de declínio elevadas na produção, sustenta a visão do banco de que o piso de preços é mais alto do que o mercado supõe.
Pressão no curto prazo
No curto prazo, o BTG reconhece os riscos de queda. A retirada acelerada dos cortes voluntários da Opep+ tem elevado a formação de estoques, pressionando o Brent, que recentemente oscilou na faixa de US$ 66–67 por barril.
O excesso de oferta pode se intensificar caso a Opep+ desfaça integralmente os cortes adicionais de 1,66 milhão de barris por dia a partir de outubro, ampliando os riscos de queda até 2026.
Ainda assim, fatores geopolíticos, como os ataques ucranianos ao porto russo de Primorsk, mostram que interrupções de fornecimento seguem sendo o principal suporte de preços no curto prazo.
Fragilidade da oferta em horizonte longo
No horizonte mais longo, o BTG destaca a fragilidade estrutural da oferta. As taxas de declínio em campos de petróleo e gás, que giram em torno de 8% e 9% ao ano, respectivamente, exigem investimentos massivos apenas para manter a produção estável.
Desde 2019, quase 90% do capex global do setor foi destinado a compensar perdas, e não à expansão de capacidade.
Essa necessidade contínua de investimentos bilionários, somada ao desafio de projetos mais longos e resultados de exploração cada vez mais escassos, reforça a tese de que o mercado subestima a fragilidade da oferta.
Para o BTG, esse fator deve dar suporte estrutural aos preços no longo prazo e expõe os limites da transição energética, com riscos sistêmicos para a segurança energética global.
E a Petrobras?
Em outro relatório deste mês, o próprio BTG reiterou a recomendação de compra para a Petrobras, principal empresa do setor na bolsa brasileira, com preço-alvo de R$ 44.
“A combinação de maior geração de caixa em 2026, derivada de maior produção, somada a menor capex e opex, pode levar os investidores a colher dividendos adicionais mais rapidamente e em magnitude maior do que atualmente precificado”, disse.