Meio Ambiente

PF investiga assassinato de líder indígena “Guardião da Floresta”

03 nov 2019, 11:03 - atualizado em 03 nov 2019, 11:03
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“Não pouparemos esforços para levar os responsáveis por este crime grave à Justiça”, disse Moro (Imagem: José Cruz/Agência Brasil)

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, anunciou neste sábado que a Polícia Federal vai apurar o assassinato do líder indígena Paulo Paulino Guajajara na terra indígena de Arariboia, no Maranhão.

“Não pouparemos esforços para levar os responsáveis por este crime grave à Justiça”, disse ele, no Twitter.

A PF, segundo sua assessoria, disse que uma equipe de policiais da Superintendência Regional do Maranhão está se deslocando para a localidade, com o objetivo de apurar todas as circunstâncias do fato.

Madeireiros ilegais na Amazônia emboscaram um grupo indígena formado para proteger a floresta e mataram a tiros um jovem guerreiro e feriram outro, disseram neste sábado líderes da tribo Guajajara no norte do Brasil.

Paulo Paulino Guajajara, ou Lobo, estava caçando na sexta-feira dentro da reserva de Arariboia, no Maranhão, quando foi atacado e baleado na cabeça. Outro Guajajara, Laercio, foi ferido, mas escapou, disseram os indígenas.

A líder da APIB, Sonia Guajajara, disse que o governo está desmantelando agências ambientais e indígenas (Imagem: Twitter de Sonia Guajajara)

O confronto ocorre em meio a um aumento nas invasões de reservas de madeireiros e mineiros ilegais desde que o presidente de direita Jair Bolsonaro assumiu o cargo este ano e prometeu abrir terras indígenas protegidas para o desenvolvimento econômico.

“O governo Bolsonaro tem sangue indígena em suas mãos”, disse a organização pan-indígena brasileira APIB, que representa muitos dos 900.000 habitantes do país, em comunicado no sábado.

“O aumento da violência em territórios indígenas é resultado direto de seus discursos odiosos e medidas tomadas contra nosso povo”, afirmou a APIB.

A líder da APIB, Sonia Guajajara, disse que o governo está desmantelando agências ambientais e indígenas e deixando tribos para se defender da invasão de suas terras.

“É hora de dizer basta sobre este genocídio institucionalizado”, disse ela em um post no Twitter.

Os Guajajaras, um dos maiores grupos indígenas do Brasil, com cerca de 20 mil habitantes, criaram os Guardiões da Floresta para patrulhar uma vasta reserva. A área é tão grande que uma tribo pequena e ameaçada de extinção, os Awá Guajá, vive nas profundezas da floresta sem nenhum contato com o mundo exterior.

“É hora de dizer basta sobre este genocídio institucionalizado”, disse Sonia (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Paulino Guajajara, que estava na casa dos vinte anos e deixa um filho, disse à Reuters em entrevista na reserva em setembro que proteger a floresta dos intrusos havia se tornado uma tarefa perigosa, mas seu povo não podia ceder ao medo.

“Às vezes, tenho medo, mas temos que levantar a cabeça e agir. Estamos aqui lutando”, disse ele, enquanto ele e outros guerreiros se preparavam para atravessar a floresta em direção a um campo de corte de madeira.

“Estamos protegendo nossa terra e a vida nela, os animais, os pássaros e até os Awá que também estão aqui”, disse Paulino Guajajara na época. “Há tanta destruição da natureza acontecendo, boas árvores com madeira tão dura quanto aço sendo cortadas e levadas”.

“Temos que preservar esta vida para o futuro dos nossos filhos”, disse ele.

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