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Piora de lucro de grandes bancos calibra pessimismo para temporada nos EUA

14 out 2022, 13:47 - atualizado em 14 out 2022, 13:47
Temporada de Balanços
Dólar e inflação deverão ser protagonistas da temporada de balanços (Imagem: Unsplash/regularguy.eth)

A temporada de balanços corporativos nos Estados Unidos ganha nova tração com o JP Morgan (JPMC34), principal banco de investimentos do mundo, reportando lucro líquido de US$ 9,74 bilhões no terceiro trimestre de 2022, valor 17% menor do que o ganho do mesmo período do ano passado.

O banco se safou “por um triz” de não cumprir as expectativas do mercado – com isso, a ação tinha alta de cerca de 3% nesta sexta-feira (14), no primeiro pregão após a divulgação do balanço. Já os papéis do Morgan Stanley (MSBR34) caíam cerca de 4%.

O banco apresentou uma queda de 30% do lucro, com o EPS (lucro por ação, na sigla em inglês) entre julho e setembro ficando em US$ 1,47, frustrando os analistas.

A piora dos lucros de JP Morgan e Morgan Stanley é revelada na esteira de questionamentos sobre a saúde dos números corporativos que serão apresentados nesta temporada.

Investidores estão atentos aos sinais mais consistentes da chegada de uma recessão, em meio ao avanço persistente da inflação e dos juros.

Espere queda de receita e dos lucros, mas cenário ainda não é de recessão

Os investidores podem se preparar para uma temporada em que boas notícias estarão mais escassas. Por um lado, no universo de ativos do S&P 500, o mercado espera um crescimento de 2,4% do lucro por ação global.

No entanto, caso a estimativa se concretize, os mercados estariam diante do pior crescimento desde o terceiro trimestre de 2020, quando o mundo atravessou a última recessão.

Para piorar, descontados os números esperados do setor de energia – considerado o grande destaque do ano –, o lucro por ação deve encolher 4%, diante do aumento do custo de capital e da piora do poder de compra do consumidor.

Assim como em outras crises, segundo analistas, as empresas defensivas – notadamente do  setor de saúde, alimentação, energia e telecomunicações – devem apresentar resultados melhores (e isso não significa dizer que eles serão bons) do que as companhias cujo modelo de negócio depende de maior alavancagem — como é o caso das techs. 

O CIO da Gama Investimentos, Ian Caó, avalia que o cenário ainda não traduz uma recessão, uma vez que a alta da taxa básica de juros demora a ser percebida pela economia real. Mas a janela começou a apertar, pondera.

Por outro lado, segundo a firma de advocacia Accountable US, muitas das companhias aproveitaram o avanço da inflação para justificar aumento dos preços de venda para além dos custos. Como resultado desse movimento, houve um aumento dos lucros nas temporadas passadas.

A gigante do ramo alimentício Tyson Foods (TSN) , por exemplo, aumentou o preço do frango em 20% no ano passado, contribuindo para um aumento de 29% da receita global. A empresa já retornou US$ 669 em dividendos e recompras.

Dólar forte é faca de dois gumes 

Outro fator que deve ter influência sobre a temporada é o dólar, que avançou com a escalada dos juros. O índice DXY –  que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes – transita próximo aos 113 pontos pela primeira vez em 20 anos.

A divisa forte pode ajudar a conter os custos de importação, mas também impacta negativamente multinacionais que enviam remessas para dentro do território americano. 

Segundo a Factset, transcrições das videoconferências de resultados divulgadas até agora mostram que efeitos cambiais foram associados a termos negativos como “turbulência”, “volatilidade”, “incertezas” em 50% das vezes.

O S&P 500, o índice mais importante dos EUA, é composto por cerca de 40% de empresas internacionais. 

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Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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