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Pix: Os desafios e planos do Banco Central para o meio de pagamento

24 out 2023, 16:26 - atualizado em 24 out 2023, 16:26
Pix
De acordo com o Banco Central, no ano de 2022, o Pix cresceu mais de 220% em volume de transações. (Imagem: Marcello Casal/Agência Brasil)

Lançado em novembro de 2020 e prestes a completar três anos, o Pix conta com mais de 650,7 milhões de chaves cadastradas e 153 milhões de usuários, mais do que a população economicamente ativa no país que representa 97 milhões de brasileiros.

Para se ter noção do sucesso da sua adesão, no mesmo mês em que chegou ao mercado, ultrapassou as transações feitas em DOC. Em janeiro de 2021, ele superou os pagamentos em TED; em março desse mesmo ano, passou os pagamentos feitos com boletos; e em maio, ultrapassou a soma de todos eles; em janeiro de 2022, superou as operações em cartões de débito.

Já em fevereiro do ano passado, o Pix excedeu os pagamentos em cartão de crédito, tornando-se o meio de pagamento mais utilizado do Brasil.

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De acordo com o Banco Central, no ano de 2022, o Pix cresceu mais de 220% em volume de transações, sendo responsável por 15% do total de movimentações que ocorrem em tempo real no mundo.

Ou seja, cumpriu (com louvor) o papel ao qual foi designado: trazer agilidade e facilidade para os meios de pagamento, reduzindo os custos do ecossistema. Além de ser gratuito para pessoas físicas e empreendedores individuais, o Pix traz algo inédito: a padronização da experiência dos usuários nos aplicativos e nas plataformas das instituições financeiras, facilitando o uso, independentemente do banco.

De acordo com um estudo publicado em 2022 pela empresa americana de pagamentos ACI Worldwide, estima-se uma economia de mais ou menos R$ 27 bilhões para empresas e consumidores nos últimos anos, o que ajudou a gerar uma produção econômica adicional de US$ 5,5 bilhões (R$ 26,9 bilhões), representando 0,34% do PIB brasileiro. Essa economia pode chegar a R$ 38 bilhões até 2026.

Além disso, o instrumento foi essencial para a diminuição do uso de papel-moeda e para milhares de brasileiros saírem da condição de desbancarização, promovendo a digitalização e inclusão financeira.

Tamanho foi o sucesso da modalidade de pagamento instantâneo, que colocou o Banco Central do Brasil nos holofotes mundiais, sendo referência como agente inovador, fomentador da concorrência e facilitador do diálogo entre as principais figuras do mercado: bancos e consumidores finais. O Federal Reserve, por exemplo, Banco Central americano, inspirado no Brasil, lançou o FedNow, modalidade de pagamento que também é instantânea, 24×7 e tem como principal objetivo aprimorar a segurança dos pagamentos e o uso de dados.

O que vem por aí?

O Pix como meio de pagamento instantâneo já veio acompanhado de um extenso roadmap de funcionalidades desenhado pelo próprio Banco Central. Algumas delas já estão disponíveis, como as modalidades de Pix saque e Pix troco, que permite retirar o dinheiro em espécie no estabelecimento comercial onde o usuário se encontra; Pix agendado; e até o Pix parcelado.

O Banco Central anunciou ainda em setembro deste ano que, no futuro, o Pix poderá ser usado para pagamento de pedágios em rodovias, estacionamentos e transporte público. Há a possibilidade, também, de utilizar a ferramenta para operações internacionais, como remessas, pagamentos entre empresas e de compras de bens e serviços no exterior. Após o lançamento do FedNow, especialistas afirmam que já podemos esperar a implantação de pagamentos instantâneos entre o Brasil e os Estados Unidos.

Outras funcionalidades, como o Pix automático, que permite pagamentos recorrentes, deve estar disponível para os usuários a partir de outubro de 2024.

Alguns desafios do Pix

Apesar da forte adesão do Pix pelos brasileiros, é possível observar que cerca de 92% dos usuários ainda são pessoas físicas, ou seja, ainda se vê baixo engajamento do público PJ, principalmente no que diz respeito ao chamado empreendedor não individual – pequenas e médias empresas (PMEs) com mais de um sócio. Essas companhias parecem não sair da dinâmica do uso de TED, boleto ou mesmo, dependendo do negócio, da máquina de cartão.

Dessa forma, é necessário estudar alternativas que possam preencher possíveis gaps. O Pix QR Code, por exemplo, se integrado à plataforma de gestão, pode promover grande eficiência operacional em automações e inteligência de dados, fazendo com que seja mais fácil gerir o negócio no dia a dia.

Outro desafio significativo, principalmente para os bancos, é a cibersegurança. Estima-se que as instituições invistam cerca de R$ 3 bilhões em proteção, segundo dados recentes da Febraban. Além da segurança interna e de rede, os bancos têm tentado realizar forte conscientização para evitar que os clientes caiam em golpes e fraudes.

Quebrar as barreiras acima é questão de tempo e amadurecimento: não há dúvidas de que o Pix e todos os seus desdobramentos já se consolidaram no mercado brasileiro e agora entram em período de evolução, trazendo ainda mais facilidade aos usuários, população, empresas e o próprio sistema financeiro nacional.

Co-founder e CRO do Bankly desde 2019. Especialista em finanças e economia com bacharelado em economia na Universidade Federal de Santa Catarina (2010); intercâmbio bilateral em Ciências Econômicas e Empresariais na University of A Coruna (2010); MBA e gestão de comércio exterior e negócios internacionais pela Fundação Getulio Vargas (2012); MBA executiva de economia da ExxonMobil Business Academy (2014); Mestre em Administração de Negócios pela Coppead UFRJ (2016) e Business Dynamics da MIT Sloan School of Management. Atua desde 2014 no mercado financeiro e aborda os seguintes temas: Banking as a service, Open Banking, embedded finance, pix, moedas digitais, finanças descentralizadas, fintechs, empreendedorismo feminino, entre outros.
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Co-founder e CRO do Bankly desde 2019. Especialista em finanças e economia com bacharelado em economia na Universidade Federal de Santa Catarina (2010); intercâmbio bilateral em Ciências Econômicas e Empresariais na University of A Coruna (2010); MBA e gestão de comércio exterior e negócios internacionais pela Fundação Getulio Vargas (2012); MBA executiva de economia da ExxonMobil Business Academy (2014); Mestre em Administração de Negócios pela Coppead UFRJ (2016) e Business Dynamics da MIT Sloan School of Management. Atua desde 2014 no mercado financeiro e aborda os seguintes temas: Banking as a service, Open Banking, embedded finance, pix, moedas digitais, finanças descentralizadas, fintechs, empreendedorismo feminino, entre outros.
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