Economia

Por que a deflação brasileira não é vantagem diante da inflação global

22 set 2022, 16:22 - atualizado em 22 set 2022, 16:22
Renda Fixa
O Banco Centra do Brasil foi um dos primeiros a subir a taxa de juros para combater a inflação. (Imagem: Mehaniq)

Nos últimos dois meses, o Brasil viu a inflação dar uma trégua. Em junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu 0,68%, seguido de um novo recuo de 0,36% em agosto.

Com isso, a taxa anual saiu do patamar dos dois dígitos e foi para em 8,73%, pela primeira vez desde setembro de 2021.

O mesmo, no entanto, não é visto em outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, o Índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) acumula alta de 8,3% em 12 meses – acima das projeções de 8%.

A inflação na Europa bateu um novo recorde na taxa anualizada em agosto, de 9,1%, superando o recorde anterior de 8,9%.

E na América Latina, a situação também não é muito diferente. De acordo com a XP, a inflação nos principais países da região continua em tendência de alta, refletindo as pressões dos preços das commodities, gargalos nas cadeias de produção, e demanda agregada ainda elevada.

O Chile registra uma das maiores inflações da América Latina. O CPI avançou em 1,2% em agosto e acumula alta anual de 14,1%. A alta nos preços de alimentos foi mais uma vez o maior responsável pelo aumento, seguido pelos de energia. Mas a inflação também ganha destaque no México, Colômbia e Argentina.

Segredo do sucesso

Verdade seja dita: o Brasil tem um histórico de alta nos preços. No início dos anos 90, a inflação anual chegava a 3.000%. Por isso, o Banco Central foi rápido em agir.

A autoridade monetária brasileira foi uma das primeiras a começar a subir os juros, lá em março do ano passado. Tanto que, ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu pela manutenção da taxa Selic em seu atual patamar de 13,75% ao ano, após 12 altas seguidas.

“Vemos que, pelo menos em 2022, fizemos bem o dever de casa frente aos desafios globais”, afirma Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital Investimentos.

Isso ajudou no controle dos preços. No entanto, a queda na inflação não se deu apenas com os ajustes na política monetária.

As duas quedas registradas no IPCA estão relacionadas ao reajuste no ICMS para combustíveis e energia elétrica, além das reduções nos preços da gasolina e do diesel por parte da Petrobras (PETR4).

Uma ilha no oceano

O problema é que o Brasil não está isolado do mercado internacional. Significa que a inflação global pode fazer com que os preços voltem a subir no mercado nacional.

O maior problema é o câmbio. Quanto mais o Federal Reserve elevar as suas taxas de juros, mais o dólar tende a se valorizar.

Acontece que a cadeia de produção brasileira depende de matérias-primas importadas. Com o câmbio fortalecido, esses insumos ficam mais caros e o valor é repassado para o consumidor.

E Labarthe destaca que o mundo hoje vem sofrendo com a alta das matérias-primas, seja combustíveis, alimentos ou energia.

“A inflação é o vilão que ataca toda a cadeia produtiva, níveis sociais e empobrece uma nação. Nos últimos dois anos, por exemplo, foram vistas mudanças alimentares: nunca se comeu tão pouca carne como hoje. Porém, certos produtos não podem ser trocados por outros. É o caso da água, gás, energia elétrica e combustíveis. Nestes casos, temos que pagar o preço que está sendo oferecido”, afirma.

Além disso, as indústrias dão preferência em exportar os seus produtos a vendê-los localmente. Isso reduz a oferta de produtos no país e eleva os seus preços.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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