Por que a retirada de mais de US$ 600 milhões de ETFs de bitcoin (BTC) nos Estados Unidos é uma luz amarela para o mercado de criptomoedas

Só na última sexta-feira (30), foram retirados US$ 616,22 milhões dos fundos negociados em bolsa (ETFs, na sigla em inglês) de bitcoin (BTC) à vista (spot) nos Estados Unidos, os maiores produtos do gênero no planeta. As informações são do levantamento do portal SoSoValue.
Vale lembrar que o levantamento semanal da CoinShares registrou entradas totais de US$ 286 milhões, mas essa apuração leva em conta o investimento global em produtos relacionados a ativos digitais e criptomoedas.
Mas os ETFs à vista dos Estados Unidos são um caso específico — e um sinal de alerta para o mercado. Isso porque são eles quem têm sustentado o otimismo dos investidores, mantendo o que os analistas chamam de “estrutura bullish” para as criptomoedas.
Esses fundos, aprovados pela SEC, a CVM dos Estados Unidos, em janeiro de 2024, têm absorvido boa parte dos bitcoins disponíveis no mercado, gerando uma escassez ainda maior da criptomoeda.
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Raio-X nos ETFs de bitcoin à vista
Voltando alguns passos, para oferecer um ETF de bitcoin à vista, a gestora precisa ter BTC em caixa, como acontece com outros fundos tradicionais — ou seja, é preciso comprar a criptomoeda para ofertar o produto.
De acordo com o levantamento, o maior saque veio do maior ETF de bitcoin à vista, o IBIT, da BlackRock, com uma retirada de US$ 430 milhões.
Vale dizer que o IBIT detém também a maior porcentagem de todo estoque de bitcoin disponível no planeta, cerca de 3,16% das 21 milhões de unidades de BTC.
Somados, os ETFs spot dos EUA detém aproximadamente US$ 126 bilhões em bitcoin, um montante que representa pouco mais de 6,1% de todo estoque de BTC do planeta. Ou seja, esses fundos se tornaram um dos principais pilares do mercado de criptomoedas devido às suas compras massivas.
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É hora de pânico?
A recente retirada, vale dizer, não representa um sinal vermelho ainda, tendo em vista que as entradas líquidas nos ETFs spot somaram US$ 44,37 bilhões desde o lançamento.
No entanto, um cenário prolongado de saques poderia fragilizar esse pilar da “estrutura bullish” e obrigar os analistas a revisarem suas perspectivas para baixo.
O recorde do bitcoin no mês passado pressionou as cotações no movimento de correção de preços. Além disso, o reaquecimento da guerra comercial entre Estados Unidos e China também injetou aversão ao risco nos investidores, o que fez os preços caírem ainda mais.
Assim, com as incertezas no radar, é importante lembrar o investidor de manter uma parcela responsável dos seus investimentos em ativos digitais.