BusinessTimes

Por que adquirir empresas em vez de construir uma do zero? Para Locaweb, é tudo questão de tempo

05 out 2021, 9:05 - atualizado em 05 out 2021, 9:05
Locaweb
O objetivo da Locaweb é claro: dar ao cliente a possibilidade de ter acesso a tudo o que é relevante para a sua jornada com a melhor experiência possível (Imagem: LinkedIn/Locaweb)

A Locaweb (LWSA3) ainda não está pronta para deixar sua estratégia de M&As (fusões e aquisições) de lado – ou, pelo menos, hibernando. Após 13 aquisições desde sua estreia na Bolsa (uma anunciada nesta terça-feira, inclusive), a companhia continua buscando maneiras de incrementar seu portfólio com soluções voltadas ao varejo digital.

O movimento mais recente foi o anúncio da incorporação da Social Miner, empresa com ferramentas que melhoram as vendas dos clientes no e-commerce.

Mas por que essa preferência por M&As? Por que não construir uma empresa do zero? Para Rafael Chamas, CFO da Locaweb, é tudo uma questão de otimizar o tempo. Com o e-commerce aquecido, é preciso acompanhar a demanda dos clientes e oferecer rapidamente as últimas soluções da indústria.

“A nossa missão é ajudar a empresa a nascer e prosperar por meio da tecnologia”, disse o executivo, em entrevista exclusiva para o Money Times. “Existe uma infinidade de coisas que vão aparecendo e podem se tornar relevantes muito rápido. Em muitos momentos, o M&A é uma ótima alternativa para fazer uma aceleração da sua oferta sem necessariamente ter todo o período de desenvolvimento, de testar um produto do zero”.

De acordo com o CFO, uma empresa recorre a M&As quando precisa oferecer uma solução ao mercado e sabe que o tempo de desenvolvimento interno de um investimento não é vantajoso em relação a achar um ativo com todas as qualidades que procura.

Passo a passo para adquirir um bom ativo

Chamas listou quatro condições para uma operação de aquisição bem-sucedida.

Em primeiro lugar, (i) é preciso ter um bom planejamento estratégico. A partir disso, a empresa deve (ii) buscar dentro da sua estratégia o perfil de ativo que deseja.

Sob essa perspectiva, a empresa precisa avaliar uma aquisição atenta às (iii) características que permitirão ter uma melhor absorção dessa empresa dentro do grupo (processo de integração). No caso da Locaweb, como boa parte das sinergias chega por venda cruzada, a principal dúvida é se o novo ativo se integra facilmente ao ecossistema de soluções da companhia.

A quarta condição é a característica cultural. Segundo Chamas, não adianta trazer uma empresa que não tem a ver com a cultura do grupo.

“Vou perder esse ativo rapidamente”, completou o CFO.

A ideia de que uma empresa com bom histórico de aquisições é aquela com uma estrutura interna pronta para isso segue a mesma linha de pensamento do Luis Motta, sócio da KPMG. Como Chamas, Motta também acredita que é preciso ser rápido na hora de expandir suas operações. Para ele, as aquisições viraram uma “estratégia de sobrevivência” às empresas na pandemia.

“Tem sempre algum risco de você comprar muita empresa se você não fizer um planejamento de integração, das sinergias. Mas também tem o risco de você não comprar e o concorrente fazer. Daqui a pouco ele vem e compra você”, afirmou Motta para o Money Times.

Incorporações são exceções

A Locaweb vai submeter a proposta de incorporação da Social Miner à aprovação dos acionistas em assembleia geral extraordinária, ainda a ser convocada.

Chamas disse que a incorporação, apesar de contribuir para a redução de custos operacionais e otimização administrativa da companhia, deve ser encarada como uma grande exceção pelo mercado.

Rafael Chamas - CFO da Locaweb
A incorporação em si, quando ocorre, é um ponto de exceção”, afirmou Rafael Chamas, CFO da Locaweb (Imagem: Divulgação/Locaweb)

No caso da Social Miner, o CFO deixou claro que a fusão se deve ao fato de a empresa ter uma grande similaridade com as operações do grupo.

“A incorporação em si, quando ocorre, é um ponto de exceção: se eu compro uma empresa com similaridade muito grande, faz sentido uma fusão operacional. A incorporação, apesar de ser clássica no mercado tradicional, quando penso em M&A em tecnologia, não é o caso”, afirmou o executivo.

A ideia da Locaweb é integrar as aquisições como empresas com identidade própria, deixando a liderança dos negócios para os fundadores.

“A gente nunca perdeu nenhum fundador de aquisição. Estão todos conosco até hoje. Toda empresa que compramos continua com sua marca, com total autonomia operacional”, disse Chamas.

Construção de um ecossistema

O objetivo da Locaweb é claro: dar ao cliente a possibilidade de ter acesso a tudo o que é relevante para a sua jornada com a melhor experiência possível.

A companhia é uma grande defensora da tese do ecossistema, principalmente porque atende na maioria das vezes PMEs (pequenas e médias empresas).

“A jornada do e-commerce é muito grande e complexa. Você tem que trazer gente, expor no marketplace, permitir multiplicidade de pagamentos distintos, eventualmente fazer relacionamento com mais de três ou quatro provedores logísticos…”, listou Chamas.

A Locaweb tem operações em toda a jornada do cliente, desde soluções para alavancar a audiência do site (Social Miner) até sistema de ERP (Bling), vendas por assinaturas (Vindi) e relacionamento com clientes via chatbot (Octadesk).

Mesmo garantindo um ecossistema completo para o cliente, a empresa ainda enxerga lacunas que devem ser preenchidas em um futuro próximo.

Chamas contou que a Locaweb está trabalhando para expandir suas operações em três frentes: captação de leads, com a tendência de live commerce abrindo oportunidades; serviços financeiros (a Locaweb tem uma solução de crédito, mas não conta, por exemplo, com uma conta para pagamentos); e logística (apesar de ter a Melhor Envio, a empresa ainda não oferece fulfillment ao cliente).

“Com a nossa forma de trazer empreendedores e retê-los aqui, o nosso êxito em fazer integração bem feita e a contribuição que isso tem trazido para os dados econômicos do grupo, eu diria que o mercado demanda que a gente compre cada vez mais”, concluiu o CFO.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
Linkedin
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
Linkedin
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.