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Na pandemia, aquisições viraram “estratégia de sobrevivência” para empresas, diz sócio da KPMG

05 out 2021, 8:38 - atualizado em 05 out 2021, 9:07
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A Bolsa vivenciou em 2020 uma nova onda de empresas dispostas a abrir capital e levantar recursos para seguir dar seguimento à sua estratégia de crescimento no mercado (Imagem: B3/Divulgação)

Anúncios de aquisições por parte de empresas listadas na Bolsa costumam levantar os ânimos dos investidores, e não por acaso. Uma agenda ativa de M&As (fusões e aquisições) muitas vezes significa que a companhia está cumprindo o que prometeu lá na época do seu IPO (oferta pública inicial de ações), de crescer de forma inorgânica em ritmo acelerado.

A pandemia de Covid-19 potencializou a importância desse movimento. Segundo Luis Motta, sócio da KPMG e responsável pela área de assessoria em processos de fusões e aquisições de empresas na consultoria, disse que, mais do que uma opção, realizar M&As virou uma questão de “sobrevivência”.

“É uma estratégia de sobrevivência. Foi pela primeira vez que vi em uma crise o M&A ser uma estratégia de sobrevivência. Uma ou outra empresa, tudo bem. Mas como regra foi a primeira vez”, afirmou o sócio, em entrevista para o Money Times.

Não é à toa que a Bolsa vivenciou em 2020 uma nova onda de empresas dispostas a abrir capital e levantar recursos para dar seguimento à sua estratégia de crescimento no mercado. 

Boa parte das companhias que protagonizaram o recente boom das ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) chegou com um objetivo claro: captar recursos para fazer aquisições. Abrindo capital na Bolsa, as empresas passam a chamar a atenção de um público carente por movimentos inorgânicos de negócios – neste caso, os investidores.

De acordo com Motta, para algumas empresas, a principal lógica delas é expandir por aquisições. O sócio da KPMG disse que existe um limite para um negócio crescer de forma orgânica.

“Muitas vezes você percebe uma possibilidade de crescer diversificando alguma coisa – uma área complementar à sua, em outra geografia… Para você fazer isso organicamente, leva muito tempo. Você pode perder uma janela de oportunidade do mercado. Então, a estratégia inorgânica de aquisições é justamente uma forma de você trazer não só o benefício do tempo, de você acelerar o teu processo, mas também trazer alguém que já tem um modelo de atuação naquele negócio bem-sucedido para somar forças para sua empresa”, explicou.

A Locaweb (LWSA3) é um bom exemplo de uma empresa que abriu capital na Bolsa com um plano de M&As bem delineado. Apesar de ter realizado seu IPO pouco antes da Covid-19 chegar ao Brasil, a trajetória da companhia no mercado de ações é basicamente apoiada pelo contexto da pandemia.

Locaweb
A Locaweb é um bom exemplo de uma empresa que abriu capital na Bolsa com um plano de M&As bem delineado (Imagem: Divulgação/Locaweb)

Em menos de dois anos como empresa aberta, a Locaweb realizou mais de dez aquisições – todas com foco na transformação digital, tendência atualmente responsável pela maior parcela das transações em M&As, de acordo com Motta.

“Os setores aquecidos são os de transformação digital, porque, desde a pandemia – pouco antes da pandemia, eu até diria –, muitas empresas já tinham seus planos ambiciosos de ir para o mundo digital, para o mundo disruptivo”, contou o sócio. “As empresas tiveram rapidamente que digitalizar seus negócios. Tudo o que estavam fazendo no longo prazo tiveram que fazer no curtíssimo prazo”.

Risco de “comprar em excesso”?

Companhias que fazem muitas aquisições costumam entrar no radar do mercado e se manter na mira dos investidores. M&As não só tornam a tese de investimento de uma empresa mais atrativa, como também validam seu propósito de capturar recursos para M&As.

“Quem comprou ações dessa empresa no IPO está comprando com base nessa tese de investimento. É esperado que a empresa faça esse movimento que ela se comprometeu com o mercado”, afirmou Motta.

Para ele, o risco de comprar um negócio mal sucedido existe, mas é mínimo se existe um roteiro bem planejado desde o início da negociação. Empresas com um bom histórico de aquisições já têm uma estrutura interna pronta para isso. Ela conta com um plano traçado e evita comprar um ativo de maneira subjetiva.

Segundo Motta, se a empresa já tem um método que funciona, existem mais riscos de não fazer uma aquisição do que de fazer.

“Tem sempre algum risco de você comprar muita empresa se você não fizer um planejamento de integração, das sinergias. Mas também tem o risco de você não comprar e o concorrente fazer. Daqui a pouco ele vem e compra você”, destacou.

Ano recorde

2021 será um ano recorde em transações, afirmou Motta.

O sócio da KPMG destacou que os M&As estão relacionados ao crescimento econômico, quando há menos risco. Se a aprovação das reformas ocorrer dentro do esperado e a economia seguir em recuperação, o apetite por fusões e aquisições vai aumentar.

“Quando você tem cenário adverso, reduz. Essa é a dinâmica. Se a gente consegue ir melhorando passo a passo a economia, você tem um cenário propício para muitas transações”, comentou.

Para Motta, ainda tem muita coisa para acontecer – principalmente no setor de agronegócio e em tecnologia, com a aproximação do leilão do 5G, previsto para o início de novembro.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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