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Por que Antonopoulos acha que ETFs de bitcoin são uma péssima ideia?

19 jan 2020, 9:00 - atualizado em 26 maio 2020, 10:41
andreas antonopoulos escritor bitcoin
Ele é um dos defensores mais famosos do bitcoin, mas é contra ETFs de bitcoin. Por quê? (Imagem: YouTube/CryptoCompare)

A antecipação de uma aprovação de um ETF (fundo negociado em bolsa) de bitcoin mantém a comunidade de criptoativos positiva, o que poderia atrair investidores institucionais.

Mas entre os clamores por uma aprovação, um evangelista de bitcoin é contra essa ideia. Andreas Antonopoulos, envolvido com bitcoin desde 2012, afirma que ETF de bitcoin são um lobo em pele de cordeiro e que isso só levará a mais centralização.

“Vou acabar com a sua festa. Conheço muitas pessoas que realmente querem que um ETF dê certo porque eles querem cada vez mais! Mas eu acho que é uma péssima ideia”, afirmou ele. “Eu acho que ainda vai acontecer, mas eu acho uma péssima ideia. Eu sou contra ETFs e acho que um ETF de bitcoin vai danificar o ecossistema.”

Como diz ele, embora a aprovação de um ETF de bitcoin possa abrir as portas para o dinheiro institucional, é provável que sua implementação enfraqueça os princípios que tornam o bitcoin tão atraente.

Mercados Wall Street
Um ETF de bitcoin apenas iria aumentar a capacidade de influência de preços por investidores institucionais (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

Manipulação de mercado

Os mercados de commodity são conhecidos pelos altos níveis de manipulação. Antonopoulos afirma que um ETF de bitcoin apenas iria aumentar a capacidade de influência de preços por investidores institucionais.

Quando o primeiro ETF de ouro foi aprovado em 1973, seu preço disparou nos anos seguintes, mas muitos investidores acreditam que o ETF ajudou grandes jogadores institucionais a interferirem com o livre mercado de ouro.

“Dar abertura para esses instrumentos negociados em bolsa apenas aumentaria a habilidade de manipulação dos investidores institucionais, especialmente os grandes fazedores de mercado, nos preços das commodities, não apenas nos mercados onde são negociadas como um ETF, e sim amplamente.”

Esse potencial para manipulação é uma das principais preocupações citadas pela SEC quando recusou o pedido dos irmãos Winklevoss para seu próprio fundo de bitcoin.

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Ao deter grandes quantias de bitcoin em investidores, gestores de fundos terão grande influência desproporcional no ecossistema (Imagem: Unsplash/@denarium_bitcoin)

Não são suas chaves, então não é seu bitcoin

Em 2013, Antonopoulos falou positivamente sobre a possibilidade de um ETF de bitcoin, em entrevista à Bloomberg. Afirmou que poderia trazer visões, perspectivas e investidores convencionais a esse universo.

Mas parece que ele mudou de opinião desde então, e agora expressa suas preocupações não apenas sobre manipulação de mercado, mas danos ao ecossistema gerados pela perda de direitos e responsabilidades dos investidores.

Conforme Antonopoulos apontou, o problema principal é a custódia. Com o bitcoin, não há governança: ou você tem as chaves privadas ou não. Já que investidores em ETF não teriam nenhuma chave privada, eles não poderiam deter bitcoin.

Teriam apenas um IOU (abreviatura de “I Owe You”, um pedido de empréstimo), ou seja, se eles perderem a oportunidade de votar, de coletar moedas bifurcadas e participar em discussões sobre governança.

“Aqueles que comprarem um ETF não terão todos os direitos de governança de bitcoin, apenas uma exposição diluída ao preço. Eles se tornariam usuários de bitcoin de segunda classe, que não são verdadeiros detentores de bitcoin.”

De acordo com Antonopoulos, ao deter grandes quantias de bitcoin em investidores, gestores de fundos terão grande influência desproporcional no ecossistema. Então quando a discussão acontecer, como é o esperado, então os grandes detentores de custódia de bitcoin vão ter domínio demais sobre o resultado.

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O custodiante de bitcoin vai ser roubado digitalmente e os ativos vão ser perdidos, deixando os detentores de ETF sem recursos (Imagem: Getty Images/iStockPhoto)

Bitcoin “corporativo”

Maior influência sobre decisões de desenvolvimento, Antonopoulos especula que esses grandes detentores custodiais poderiam, possivelmente, se separar e criar sua própria versão corporativa do bitcoin.

“Imagine que uma nova mudança está sendo apresentada para o ecossistema Bitcoin, que permite transações confidenciais completamente anônimas com valores, remetentes e destinatários criptografados, propostas como uma soft fork (bifurcação moderada).”

Esse cenário poderia apresentar um problema para a empresa, argumenta ele, sugerindo ser provável que gestores de fundo cedam à influência das autoridades que proíbem criptomoedas anônimas. Apesar de que isso não seria fatal, poderia ser um obstáculo.

Em entrevista à Brave New Coin, Antonopoulos disse:

“Esse não é o fim do bitcoin. ETFs vão tornar mais difícil a implementação de mudanças controversas e específicas, como privacidade/anonimidade fortalecida, já que essas mudanças vão danificar a postura regulatória de empresas de ETF e elas irão resistir. Esse é um bom motivo para acelerar essas mudanças. ETFs vão aumentar a ‘adesão’, mas ao custo de essa adesão ser diluída em poder e controle.”

Um certo nível de custódia é um resultado inevitável da adesão e pode-se dizer que a diluição de poder também é inevitável.

Mas se as autoridades querem colocar o bitcoin de volta na caixa de Pandora, eles podem descobrir que morderam mais do que podem engolir:

“ETFs centralizados não são tão perigosas ao bitcoin como o bitcoin é perigoso para ETFs centralizados. Eu acho inevitável que, em algum momento, o custodiante de bitcoin vai ser roubado digitalmente e os ativos vão ser perdidos, deixando os detentores de ETF sem recursos.”

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bravenewcoin@moneytimes.com.br
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