Por que Brasil e Chile serão os pilares da inteligência artificial no futuro, segundo o BTG Pactual

O BTG Pactual publicou um relatório nesta sexta-feira (5) que coloca o Brasil e o Chile como centros estratégicos para o futuro da Inteligência Artificial (IA). Isso porque os países reúnem características únicas que atraem a pedra fundamental dessa nova tecnologia: os data centers.
Voltando alguns passos, data centers são as unidades de processamento de dados para o armazenamento e treinamento de modelos de IA dos mais variados, uma tecnologia crescente no mundo todo.
Entretanto, a IA é intensiva em energia, equipamentos de TI e resfriamento, o que demanda para a operação desses data centers, basicamente, uma grande quantidade de energia. E é aí que os países ganham destaque.
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De acordo com o relatório, a demanda por data centers nos Estados Unidos deve crescer de 31 GW em 2024 para 83 GW em 2030, o que deve fazer o consumo de energia no país aumentar de 4% para 11,7% da produção total nesse mesmo período, gerando uma pressão adicional sobre os preços de energia e atrasos no lançamento de novas unidades de processamento de dados.
No caso da Europa, a regulamentação não tem favorecido a implementação de data centers em muitos países, com a Irlanda, por exemplo, não permitindo novos pontos de conexão até 2030.
Brasil, Chile e os data centers
Tanto o Brasil quanto o Chile têm abundância de energia elétrica e de baixo custo. Em especial aquela vinda de fontes renováveis é um atrativo para os países.
O Brasil, por exemplo, possui ampla capacidade de geração, incluindo diversas usinas hidrelétricas com reservatórios nas regiões Sudeste e Sul.
De acordo com os analistas que assinam o relatório, o Nordeste brasileiro, por exemplo, tem uma matriz de mais de 20% de geração de energia renovável — e que é desperdiçada devido à falta de demanda regional e capacidade de transmissão.
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Já no Chile, cerca de 20% da geração solar e eólica é perdida anualmente devido à sobrecapacidade instalada, principalmente no norte. Essa energia excedente e barata , dizem os especialistas, poderia ser utilizada para abastecer novos data centers.
Planos de expansão Brasil e Chile
Vale destacar que o Brasil já possui 188 data centers, com São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará sendo os líderes. Fortaleza é um dos destaques do relatório, por onde passam 90% do tráfego internacional de dados, e está conectada a 16 cabos submarinos.
Essa alta conectividade reduz a latência (isto é, a demora) na transmissão de dados para outras regiões.
Por outro lado, o Chile tem 65 unidades de data centers e planos de triplicar sua capacidade até 2030, com 30 novos projetos previstos. O chamado Plano Nacional de Data Centers (PDATA) pretende atrair cerca de US$ 2,5 bilhões em investimentos no país nos próximos 5 anos.
Vale dizer que o Brasil também tem um Plano Nacional de Data Centers, que prevê um regime tributário especial para desonerar investimentos nessas unidades, como a isenção ou redução de tributos federais na aquisição e importação de equipamentos. A proposta inclui requisitos de sustentabilidade, como uso de energia 100% renovável (solar ou eólica).