Economia

Por que o Banco Central pode elevar a Selic mesmo com queda na inflação

19 set 2022, 11:48 - atualizado em 19 set 2022, 11:48
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Banco Central pode elevar a taxa de juros ou encerrar o ciclo de altas. (Imagem: Pixabay)

Selic: subir ou não subir, eis a questão que o Banco Central vem se questionando nas últimas semanas. Na ata da sua última reunião, em agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizou que poderia promover um reajuste residual de 0,25 ponto percentual na taxa de juros.

O mercado optou por ignorar esse detalhe e já fez a sua aposta. As expectativas são de que o ciclo de aperto termina agora em setembro, em uma taxa terminal de 13,75% ao ano. De acordo com o Relatório Focus, divulgado hoje de manhã, já são 13 semanas seguidas de economistas projetando que 2022 termine o ano com a Selic neste patamar.

No entanto, o tal do reajuste residual de 0,25 pp segue no radar do Banco Central. André Perfeito, economista-chefe da Necton, destaca que não seria uma surpresa se a autoridade monetária optasse por elevar a Selic.

“São três pontos que conspiram para mais uma alta na Selic sob a ótica das preocupações que acreditamos que o Banco Central tenha”, afirma.

No que o BC está de olho?

O primeiro ponto é que os juros seguem em alta nos Estados Unidos. O Federal Reserve deve elevar a taxa de juros americana em 0,75 pp pela terceira vez e vai manter o aperto monetário em, pelo menos, mais duas reuniões.

Isso pressiona os juros e o câmbio aqui no Brasil. O dólar valorizado eleva o preço de produtos e matérias-primas importadas, e essa alta nos custos refletem na inflação ao consumidor.

Por que a inflação alta nos EUA afeta o bolso dos brasileiros

Além disso, outro ponto importante é que estamos a menos de 15 do primeiro turno das eleições. Tradicionalmente, esse é um período de instabilidade econômica – como flutuações cambiais e redução nos investimentos estrangeiros – e que demanda cuidado nas decisões monetárias.

“Por fim, a queda da inflação é artificial no sentido que foi atingida via medidas fiscais que podem ser revistas a qualquer tempo”, afirma o economista.

De fato, medidas como a redução do ICMS sobre combustíveis e energia, além dos cortes nos preços da gasolina e diesel promovidos pela Petrobras (PETR3; PETR4) ajudam nas duas quedas seguidas no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Em julho, a inflação caiu 0,68% e, em agosto, a queda foi de 0,36%. Com isso, no acumulado de 12 meses, a inflação ficou em 8,73% – primeira vez desde setembro de 2021 que a taxa fica abaixo dos dois dígitos.

Acontece que o resultado dessas medidas não é eterno. Além disso, o aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 e outros benefícios oferecidos pelo governo devem aumentar a demanda e puxa a inflação para cima.

A própria ata do Banco Central destaca que “as políticas temporárias de apoio à renda devem trazer estímulo à demanda e que o prolongamento de tais políticas pode elevar os prêmios de risco do país e as expectativas de inflação”.

60% de chance de manutenção

De acordo com o Goldman Sachs existem 60% de probabilidade de que o Banco Central opte pelo fim das altas e manutenção da Selic em 13,75%. Os outros 40%, claro, são de alta para 14%.

Em relatório, o banco aponta que o argumento para a manutenção da taxa baseia-se, principalmente, no fato de que a política monetária já está altamente restritiva. Além disso, os fatores internos e externos apontam para um menor dinamismo da atividade econômica e ligeira melhora nas expectativas de inflação nos próximos dois anos.

Por outro lado, a pressão dos serviços e também no núcleo do IPCA, o mercado de trabalho aquecido, o risco fiscal que ronda a mudança de governo e o aumento das expectativas para depois de 2024 são o que pesam a favor de mais um reajuste.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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