Economia

Por que a inflação alta nos EUA afeta o bolso dos brasileiros

13 set 2022, 15:10 - atualizado em 13 set 2022, 15:34
Renda Fixa
Em agosto, a inflação nos EUA acumulou alta de 8,3% em 12 meses. (Imagem: Mehaniq)

A inflação nos Estados Unidos segue firme e forte – para a tristeza do mercado. Em agosto, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) acumulou alta de 8,3% em 12 meses.

O resultado até veio abaixo do registrado no mês passado, de +8,5%, e bem melhor do que em junho, quando a inflação bateu recorde de 9,1%. Ainda assim, os números ficaram acima das projeções do mercado de +8%.

Para piorar, o núcleo do CPI, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, subiu de 5,9% para 6,3%. Isso indica que a alta nos preços é mais generalizada e persistente – e isso pode prejudicar o bolso dos brasileiros.

Câmbio desregulado

Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original, destaca que a primeira implicação sentida é no câmbio.

“Faz, pelo menos, uns quatro dias que o dólar vinha aliviando e o mercado discutia se a moeda já tinha atingido o seu pico. Mas com esses novos números da inflação, voltou a preocupação de um dólar forte.”

Logo após a divulgação dos dados, o dólar à vista operou em forte alta, com a moeda subindo mais de 2%, a R$ 5,20.

Além de levar a uma desvalorização das moedas emergentes, o dólar alto é sentido nas importações e exportações.

A cadeia de produção brasileira depende de matérias-primas importadas. Com o câmbio fortalecido, esses insumos ficam mais caros e o valor é repassado para o consumidor. Além disso, as indústrias dão preferência em exportar os seus produtos a vendê-los localmente. Isso reduz a oferta de produtos no país e eleva os seus preços. Esses dois fatores fazem com que o combate à inflação brasileira fique mais difícil.

Atualmente, a inflação no Brasil acumula alta anual de 8,73% e o Banco Central já avalia a possibilidade de encerrar o ciclo de aperto da Selic. Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) decide se mantém a taxa básica de juros em 13,75% ou se promove uma alta residual de 0,25 ponto percentual.

Juros em dólar

Outra questão é que a persistência da inflação americana abre o questionamento de até onde o Federal Reserve deve elevar a taxa de juros.

A probabilidade de o Fed promover uma alta de 1 pp na reunião de setembro entrou no radar do mercado após dados de inflação – apesar de a maioria ainda apostar em 0,75 pp. E o ciclo de aperto não acaba por aí: são previstas novas altas em novembro e dezembro.

“O mercado saiu daquela taxa terminal projetada em algo abaixo de 4% ao ano, que seria atingido no começo do ano que vem, para um patamar mais próximo de 4,25% e 4,50%”, diz Caruso.

Acontece que a alta de juros lá nos EUA, afasta os investidores estrangeiros dos ativos brasileiros.

A tendência é que o mercado se volte para mercados mais protegidos e que oferecem mais retorno – os juros altos elevam os ganhos dos Treasuries, os títulos do Tesouro americano, e os investidores viram as costas para os investimentos de países emergentes.

Carlos Vaz, CEO da Conti Capital, afirma que as movimentações na inflação americana afetam e muito o mercado nacional. Isso porque o aperto monetário dos EUA obriga o Brasil a também subir os juros por aqui.

“Os juros elevados impactam diretamente na recuperação econômica, que por sua vez afeta a geração de empregos e vai criando um efeito cascata de acontecimentos, resultando em mais volatilidade e incerteza para investidores, que precisam estar atentos aos movimentos, tentando evitar a perda de dinheiro.”

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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