Mercados

Por que o Ibovespa anda tão volátil? Veja 4 pontos que explicam o movimento do índice

20 jun 2022, 12:58 - atualizado em 20 jun 2022, 13:05
Ibovespa, Ações, Mercados, B3
Veja a seguir quatro pontos que estão causando a volatilidade do Ibovespa (Imagem: Diana Cheng/Money Times)

As preocupações do mercado em relação ao Ibovespa (IBOV) se concretizaram na última sexta-feira (17): pela primeira vez desde novembro de 2020, o principal índice da B3 (B3SA3) encerrou abaixo dos 100 mil pontos.

No acumulado, o Ibovespa encerrou a semana passada em queda de 5,36%.

O movimento de baixa chegou a atingir o Ibovespa nesta segunda-feira (20), mas o índice virou e agora opera em alta (porém, continua volátil).

Sem o apoio das bolsas norte-americanas, que estão fechadas por conta do feriado nos Estados Unidos, a queda do início do dia refletiu o desempenho das commodities, em especial petróleo e minério de ferro.

Mas não são só petroleiras, mineradoras e siderúrgicas que têm pressionado o índice. Fatores internos e externos vêm contribuindo para alimentar ainda mais a aversão a risco no mercado de ações no Brasil.

Veja a seguir quatro pontos que estão causando a volatilidade do Ibovespa:

Commodities em queda

O minério de ferro estendeu as perdas nesta segunda. O contrato mais negociado na bolsa de Dalian, para entrega em setembro, despencou 11% hoje, a 746 yuanes (ou US$ 111,60) a tonelada, vindo de uma perda de 6% na sexta.

Na Bolsa de Cingapura, o contrato de julho para o ingrediente siderúrgico recuou 8%, para US$ 110,40 a tonelada.

O principal motivo da pressão baixista é a China, que ainda tenta conter os surtos de Covid-19 no país. Traders também estão preocupados com um possível colapso do consumo de aço na região, já que a demanda continua fraca e o estoque do material só aumenta.

O petróleo também caiu forte nos últimos dias, guiado por preocupações de desaceleração econômica após os principais bancos centrais elevarem as taxas de juros. Na sexta, a commodity caiu cerca de 6%, para uma mínima de quatro semanas.

Nesta segunda, os contratos futuros do petróleo Brent e do petróleo WTI, ambos com vencimento em agosto, se recuperam.

Reajuste dos combustíveis

Na manhã de sexta, a Petrobras (PETR3;PETR4) anunciou um novo reajuste dos preços dos combustíveis, que passou a vigorar no último sábado.

O preço médio de venda da gasolina da estatal para as distribuidoras passou de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro, enquanto o preço médio de venda do diesel subiu de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro.

O novo reajuste teve repercussão imediata entre os membros do Congresso, com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), pedindo a renúncia imediata de José Mauro Ferreira Coelho, até então presidente da Petrobras.

Lira também falou sobre a possibilidade de dobrar a taxação dos lucros da estatal, uma vez que uma maior tributação poderia ser revertida em recursos à população. Isso pressionaria os dividendos da companhia e, por consequência, as ações.

Por parte de Bolsonaro, o presidente classificou o novo reajuste como “traição” e disse que iniciou conversas com Lira para articular a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o conselho da estatal.

Os papéis da Petrobras chegaram a cair mais de 6% no dia, contribuindo para o pregão negativo do Ibovespa.

Governança da Petrobras

Na manhã desta segunda, a Petrobras anunciou a renúncia de José Mauro Coelho do cargo de presidente da companhia.

José Mauro Coelho pediu demissão três dias após o novo reajuste da Petrobras, sob pressão do governo Bolsonaro, que o indicou para a posição após Adriano Pires desistir de assumir o comando da empresa.

Com a saída de Coelho, a Petrobras passará ao seu 41º CEO em 68 anos de empresa.

As ações da petroleira chegaram a ter suas negociações suspensas duas vezes pela B3 hoje, uma no início da abertura e outra por volta das 10h50, após operarem em queda de mais de 3%.

As negociações foram retomadas há pouco. Perto das 12h50, as ações da Petrobras, tanto ordinárias quanto preferenciais, operavam estáveis.

Fed mais agressivo

Autoridades monetárias do banco central dos EUA elevaram na última semana a taxa de juros do país em 0,75 ponto percentual, a 1,5-1,75%.

O aperto monetário – o maior desde 1994 – coloca a taxa de juros ao nível mais alto desde março de 2020.

Além do aumento das taxas, o Federal Reserve (Fed) elevou as projeções para a meta dos juros nos próximos anos por conta da inflação, que está em seu maior nível em mais de 40 anos.

A mediana da expectativa para a taxa básica de juros subiu para 3,4% até o fim de 2022 (contra 1,9% projetado em março). Para 2023, a meta foi revisada para 3,8%, de 2,8% em março.

O Fed também revisou as estimativas para a inflação, que deve terminar o ano em 5,2%, acima da previsão de 4,3% em março.

Com o Fed confirmando uma postura ainda mais agressiva sobre a inflação, crescem as preocupações envolvendo uma possível recessão nos EUA, o que tem penalizado os mercados globais (incluindo o Brasil).

Para o BofA, a probabilidade dos EUA entrarem em recessão no próximo ano é de cerca de 40%.

“Vemos o crescimento do PIB desacelerando para quase zero, a inflação se estabilizando perto de 3% e o Fed aumentando as taxas acima de 4%”, diz Ethan Harris, economista global da instituição, em relatório divulgado na semana passada.

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Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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