Mercados

Por que o Ibovespa cai nesta segunda, mesmo com dados positivos do PIB da China?

17 jan 2022, 12:46 - atualizado em 17 jan 2022, 12:46
Está marcada para acontecer nesta terça (18) a greve dos servidores federais, que vão protestar por reajuste salarial em frente ao Ministério da Economia (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

A divulgação de dados acima do esperado da economia chinesa não conseguiram levantar o ânimo dos investidores com a bolsa brasileira nesta segunda-feira (17).

O Ibovespa abriu o dia em baixa. Por volta das 12h40, o índice seguia em tendência negativa, com uma desvalorização de 0,25%, a 106.665,62 pontos. Na mínima do dia até o momento, ele chegou a cair 0,77%.

De acordo com Matheus Spiess, analista da Empiricus, o desempenho do Ibovespa nesta segunda reflete questões internas que devem movimentar o mercado na semana.

Está marcada para acontecer nesta terça (18) a greve dos servidores federais, que vão protestar por reajuste salarial em frente ao Ministério da Economia. Além disso, o presidente da República, Jair Bolsonaro, tem até sexta (21) para sancionar o Orçamento de 2022.

Spiess também destaca como fator que influencia a performance do Ibovespa a proximidade da divulgação de balanços trimestrais das empresas brasileiras.

“Houve uma temporada inicial de resultados nos Estados Unidos com alguns balanços mistos. Alguns nomes que deveriam ter vindo fortes surpreenderam negativamente, o que gera ansiedade no mercado”, explica o analista.

PIB da China

A China teve o melhor avanço em uma década, encerrando em 2021 com crescimento de 8,1%, de acordo com dados do governo local.

PIB do país avançou 4% no último trimestre de 2021 ante mesmo período do ano anterior, acima do esperado.

Sede do Banco do Povo da China, em Pequim
Investidores gostaram da resposta da autoridade monetária da China de flexibilização, indo na contramão de outras economias relevantes (Imagem: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins)

Mais do que a divulgação dos dados de crescimento da economia chinesa, o que contribuiu para o movimento positivo dos investidores foi a resposta da autoridade monetária do país de flexibilização, indo na contramão de outras economias relevantes.

Pela primeira vez desde abril de 2020, o Banco do Povo da China informou que vai reduzir a taxa de juros sobre 700 bilhões de yuanes em empréstimos de médio prazo de um ano para algumas instituições financeiras, de 2,95% para 2,85%.

A decisão surpreendeu e deu um tom predominantemente positivo para os mercados na China nesta segunda.

Spiess chama atenção, no entanto, para os sinais de desaceleração do gigante asiático. Segundo o analista, ela foi um pouco mais agressiva em alguns sentidos.

“Esse é o grande foco: quão agressiva vai ser nos próximos trimestres essa desaceleração. O que a gente viu nesses últimos trimestres de comparação anual vai se manter? Continuaremos tendo crescimento inferior a 5% na China? Esse é o temor do mercado”, comenta.

Spiess explica que quatro fatores são responsáveis pela atual pressão na economia chinesa:

  1. Novos surtos de Covid-19, que podem ter repercussões locais e globais;
  2. Crise energética, que pode ser mantida, apesar dos esforços do governo para mitigar o problema;
  3. Questões regulatórias;
  4. Crise do mercado imobiliário, com o mercado atento às respostas do governo para as empresas que estão com altos níveis de dívida, como a Evergrande.

O analista ainda lembra que 2022 é um ano de eleição importante na China. “Tradicionalmente, o Xi Jinping, que já teve dois mandatos, deixaria o cargo, como seus antecessores desde Mao Tsé-Tung, mas não vai ser assim. Ele será o primeiro a buscar o terceiro mandato”, destaca.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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