Economia

Por que os EUA podem entrar em recessão, mesmo sem o Fed subir os juros

18 set 2023, 16:18 - atualizado em 18 set 2023, 16:18
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Reunião do Fed será nos dias 19 e 20 de setembro e tem previsão de o juro se manter no mesmo patamar (Imagem: Getty Images)

Mesmo sem aumento na taxa de juros previsto para esta “Super Quarta”, os Estados Unidos podem enfrentar uma uma recessão em breve, com a curva de juros se invertendo.

Isso pode acontecer porque a economia do país está caminhando para uma contração, e a junção dos acontecimentos recentes, como a paralisação de montadoras, uma possível paralisação do governo federal e uma pressão sobre o pagamento dos empréstimos estudantis, representa risco.

Os eventos por si só não causam grande impacto. O grande problema é o potencial deles juntos, o que pode ter resultados imprevisíveis, minando pouco a pouco os gastos dos consumidores, elevando o preço dos automóveis e gerando insegurança às empresas e ao cidadão.

“Com aumentos agressivos das taxas de juros do Fed nos últimos anos ainda afetando a economia, os bancos restringindo o crédito e os consumidores chegando ao fim das poupanças da era pandêmica, pode não demorar muito para tirar a economia do curso”, disse Vincent Reinhart, economista-chefe da Dreyfus e Mellon e ex-chefe da divisão de política monetária do Fed, à Reuters.

Os agentes do caos

As paralisações de dois setores importantes, com cerca de 146 mil trabalhadores do setor automotivo em greve e prováveis 800 mil funcionários federais sem salário, irão prejudicar o crescimento e a confiança durante todo o período que a greve perdurar.

Uma paralisação crescente poderia cortar a produção de veículos em um terço e, contabilizando os efeitos de spin off em toda a economia, reduzir até 0,7 ponto percentual do crescimento. Esse número seria grande para uma economia cuja tendência de crescimento estimado é de 1,8% ao ano.

“As circunstâncias únicas desta vez significam que qualquer impacto de greve pode ser particularmente prejudicial, com as cadeias de suprimentos de automóveis ainda emaranhadas pela pandemia e a negociação esperada para ser intensa à medida que os trabalhadores tentam recuperar o terreno perdido para a inflação em meio a lucros recordes da indústria”, disse Michael Pearce, economista-chefe dos EUA da Oxford Economics, à Reuters.

Segundo levantamento do Goldman Sachs, algumas paralisações do governo, como a do fim de 2018 a início de 2019, que durou cinco semanas, representaram 0,2 ponto percentual do PIB perdido por semana.

Um buraco à frente?

Com este cenário, os economistas da Goldman Sachs modificam suas perspectivas geralmente otimistas com aviso de um “buraco” no quarto trimestre que poderia derrubar mais de um ponto percentual do crescimento do produto interno bruto (PIB).

Pela estimativa do Goldman, a economia ainda estaria crescendo a uma taxa anual de 1,3%. Contudo, isso já seria maior do que a taxa de crescimento de 1% que os analistas do Federal Reserve (fed) esperavam que a economia apresentaria a partir de junho.

A expectativa é de que, na reunião de 19 a 20 de setembro, o Fed mantenha o patamar do juro em 5,25% e 5,5%. Nos últimos meses, os dados econômicos geralmente funcionaram a favor do Fed, com a inflação diminuindo, mesmo que a economia continue a crescer acima da tendência e adicione um número saudável de empregos a cada mês.

*Com informações da Reuters.

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Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.
juliana.caveiro@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.

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