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Pouso suave do Fed precisaria de um mercado de trabalho atípico

30 ago 2022, 14:45 - atualizado em 30 ago 2022, 14:46
Barclays
“A norma é que o Fed empurre a economia para uma recessão, você tem demissões e isso pressiona para cima a taxa de desemprego”, disse. Jonathan Millar, economista sênior do Barclays em Nova York (Imagem: Reuters/Toby Melville)

A esperança do Federal Reserve de conseguir uma “aterrissagem suave” para a economia americana depende de um fenômeno que raramente ocorre: um aumento no desemprego, não por causa de demissões, mas porque mais pessoas sem emprego começam a procurar trabalho.

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Normalmente, a taxa de desemprego aumenta porque uma desaceleração na economia provoca uma onda de cortes em postos de trabalho. Isso prejudica os gastos das famílias e dá início a uma dinâmica que mergulha a economia em recessão.

Desta vez, muitos analistas esperam que a taxa de participação na força de trabalho aumente à medida que as pessoas que pararam de trabalhar durante a pandemia retornem ao mercado de trabalho, bem quando os empregadores diminuem as contratações diante das taxas de juros mais altas.

Se isso acontecer, poderia pressionar para baixo os salários e os gastos sem causar uma crise severa – essa é a definição de um pouso suave.

Esse cenário representaria uma ruptura com os padrões anteriores do mercado de trabalho e marcaria mais um legado incomum de uma pandemia rara. E poderia dar ao banco central dos EUA, que está subindo juros rapidamente para conter a inflação, espaço para mantê-los mais altos por mais tempo se isso acontecer.

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“A norma é que o Fed empurre a economia para uma recessão, você tem demissões e isso pressiona para cima a taxa de desemprego”, disse. Jonathan Millar, economista sênior do Barclays em Nova York.

A taxa de desemprego dos EUA – que inclui aqueles que perderam seus empregos e estão procurando novas vagas, assim como aqueles que podem ter deixado a força de trabalho por vários motivos e agora estão procurando uma nova colocação – caiu para 3,5% em julho, igual à mínima pré-pandemia. Mas a taxa de participação no mercado de trabalho – que inclui tanto quem está empregado quanto quem procura emprego – está em 62,1%, mais de um ponto percentual abaixo do nível de fevereiro de 2020.

Parte da lacuna pode ser explicada pelo envelhecimento da população. Muitos também se aposentaram mais cedo do que o planejado no início da pandemia e dificilmente voltarão ao trabalho.

Mas a participação entre os mais jovens também não se recuperou. A taxa para pessoas entre 25 e 54 anos – aquelas em “idade ativa” – é de 82,4%, abaixo dos 83,1% antes da Covid. A taxa para quem tem de 16 a 24 anos é 55,2%, ante 57% pré-pandemia.

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Economistas de cerca de metade dos 25 bancos que atuam como formadores de mercado junto ao Fed esperam que os EUA evitem uma recessão nos próximos dois anos.

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bloomberg@moneytimes.com.br