Mercados

Powell e ‘o chega para lá’ em quem pensa em corte de juros

19 maio 2023, 15:05 - atualizado em 21 maio 2023, 9:41
Jerome Powell Federal Reserve FMC bitcoin
Powell não colocou nada de novo sobre a mesa, mas alfinetou. Bom para os mercados. (Imagem: Flickr/Federalreserve)

Se o mercado estava esperando corte nos juros por parte do Federal Reserve, é melhor tirar o cavalinho da chuva. O presidente Jerome Powell reforçou a ideia de que as próximas decisões monetárias ocorrerão em função da divulgação de novos dados, e que nada foi decidido ainda.

Segundo o dirigente do Fed, o aperto monetário realizou progressos na inflação, mas pontos de cuidado como o setor de serviços e o aquecimento do mercado de trabalho continuam sendo desafios para o BC. Porém, no que talvez tenha sido a mensagem mais importante da apresentação, Powell fez questão de se descolar da ideia de corte de juros em 2023 que ronda Wall Street.

“Os mercados parecem estar precificando em um caminho de taxa diferente do que o comitê espera que seja apropriado”, disse durante o Thomas Laubach Research Conference, um evento sobre política monetária organizado anualmente pelo banco central norte-americano.

Powell participou de um debate junto com Ben Bernanke. Os presidentes da velha e atual era do Banco Central americano discorreram sobre os principais pontos da política monetária. A pauta também incluiu a crise dos bancos regionais, iniciada em março pela falência do SVB.

Para além de debate de ideias, investidores olharam para as falas de Powell em busca de sinais sobre o plano de ação do Federal Reserve na próxima reunião; os dirigentes do Fomc voltam a se encontrar no próximo 14 de junho.

A participação do presidente atual do Fed não trouxe nenhuma novidade sobre a mesa, em termos do quando e como os juros se comportarão daqui em diante.

Powell ofuscado por crise em Washington

O zero a zero no seminário de Powell e Bernanke acabou sendo um bom negócio para os mercados. Após o evento, a aposta de que o Federal Reserve pausará a taxa diretiva de juros na próxima reunião na banda de 5-5,25% aumentou para 84%. As chances eram de 64,4% ontem.

Mas nada disso está adiantando para conter a exasperação da Bolsa de Nova York. O ruído que chega de Wall Street vem de Washington D.C, com o anúncio da paralisação das negociações sobre o teto da dívida americana.

A notícia faz os três principais índices de Nova York — Dow Jones, S&P 500 e Nasdaqoperarem com quedas moderadas neste início de tarde. Adicionalmente, o prêmio sobre as Treasuries de longo-prazo se eleva 0,02 ponto-percentual, aos 3,674%.

Com isso, Casa Branca e Capitólio devem entrar na semana do dia 22 de maio mais pressionados para chegar em um novo acordo. Para evitar que o calote aconteça, senadores democratas da ala mais progressista do partido democrata apelam para que Joe Biden recorra à Décima Quarta Emenda Constitucional. 

O quarto inciso desta emenda dá ao Executivo a prerrogativa de continuar pagando as dívidas recorrentes do governo.  Mesmo que isso signifique a transgressão do teto da dívida.

Para analistas da política dos EUA, embora seja possível, o acionamento desta emenda embute o risco de uma crise constitucional entre os poderes.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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