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Pré-Mercado: Azul da cor do mar e verde da cor da Petrobras

05 abr 2022, 9:17 - atualizado em 05 abr 2022, 9:17
Assistindo aos impasses dentro da Petrobras: quem vai assumir a estatal agora? | Chumbo Grosso (2007)

Bom dia, pessoal!

Nesta terça-feira (5), as ações caíram predominantemente na Ásia, enquanto o preço do barril de petróleo voltou a avançar (o Brent está próximo de US$ 110 novamente) após o rali de ontem nas Bolsas ocidentais, em especial nos EUA, impulsionado pelo setor de tecnologia em Wall Street.

De maneira geral, no entanto, as negociações foram leves em termos de volumes, uma vez que os mercados chineses estão fechados por conta de feriado na região. Na Oceania, os mercados foram norteados pela decisão do Banco Central da Austrália de manter inalterada a sua taxa de juros em 0,1% (a mesma desde novembro de 2020).

Na Europa, nesta manhã, não temos um movimento único entre os mercados. Os futuros, no entanto, enveredam por uma manhã negativa, corrigindo a alta um tanto quanto difusa de ontem. Podemos assumir que os investidores ainda estão atentos às preocupações macroeconômicas e turbulência geopolítica.

A ver…

Dança das cadeiras

Na noite de ontem (4), o governo confirmou a carta de desistência de Adriano Pires para a presidência da Petrobras, conforme sugerimos que poderia acontecer nos nossos comentários da manhã de segunda-feira. A possibilidade de isso ocorrer, já ventilada desde o final de semana, provocou correção nas ações da companhia, fato que impactou a performance consolidada do índice — a empresa, que tem mais de 10% de participação no Ibovespa, vê como incerto seu comando futuro.

Os motivos de Pires e de Rodolfo Landim, que também recusou a indicação à presidência do conselho, parecem ter sido semelhantes e relacionados com conflitos de interesse envolvendo parentes em empresas de atuação concorrente — Landim também se mostrou desconfortável com a falta de aprovação interna de seu nome. Agora, o mercado se preocupa principalmente com o fato de o próximo nome não ter um posicionamento tão firme quanto os anteriores sobre a política livre de preços.

Um novo figurão no Twitter e mais sanções sobre os russos

O pregão de ontem nos EUA foi impulsionado pelo setor de tecnologia, que teve como grande destaque a movimentação de Elon Musk: o bilionário comprou 9% do Twitter, o que levou as ações da empresa ao seu melhor dia de todos os tempos em termos de performance. Tal otimismo com a aquisição fez com que houvesse um espraiar de humor para o resto do setor, impulsionando o Nasdaq para uma alta de quase 2% (hoje, porém, os futuros do índice corrigem um pouco).

Saindo do noticiário corporativo e voltando a tratar dos assuntos envolvendo a guerra na Ucrânia, o Tesouro dos EUA impediu que o governo russo usasse dólar em bancos americanos para pagar suas dívidas. Aumenta-se, com o movimento, a chance de o governo russo dar calote em sua dívida. Apesar de ter um impacto cada vez mais severo na guerra econômica contra a Rússia, o congelamento dos ativos em dólar de um país do tamanho da Rússia diminui a convertibilidade do dólar, impactando a credibilidade de longo prazo da moeda.

Reboliços franceses

O presidente francês Emmanuel Macron sugeriu que a Europa suspendesse as importações de petróleo e carvão russos (ainda não de gás) — o movimento seria mais um passo para a sanção final de desligar a Europa, hoje dependente da Rússia para energia, das commodities energéticas russas. Notadamente, em um primeiro momento, petróleo e carvão são mais fáceis de transportar do que gás, então a Europa poderia comprar de outros lugares mais facilmente.

Macron se aproveita do fato de a França ser menos dependente da energia russa do que outros países na Europa para parecer maior às vésperas da eleição. Neste mês, os franceses decidirão se querem dar a Emmanuel Macron mais um mandato na chefia de estado. O presidente francês conquistou eleitores em 2017 com promessas de melhorar o ambiente de negócios por meio de cortes de impostos e incentivar o trabalho por meio de mudanças nas rígidas leis trabalhistas e previdenciárias — segundo as pesquisas, ele é o favorito na disputa.

Anote aí!

A agenda do dia é bastante recheada internacionalmente. Na Europa, várias pesquisas de opinião sobre o sentimento dos negócios são apresentadas ao longo do pregão de hoje, já com os primeiros reflexos da guerra sobre a economia e a percepção econômica.

Nos EUA, vários membros do Fed estão programados para falar hoje, inclusive a vice-presidente da autoridade, Lael Brainard, e o presidente regional do Fed de Nova York, John Williams. Dados de vendas de veículos e índice de gerentes de compras de serviços para março também são aguardados.

Muda o que na minha vida?

A invasão da Ucrânia pela Rússia elevou as preocupações com o aumento da inflação e o impacto no crescimento econômico global. Os preços de tudo já estavam subindo e a guerra intensificou a volatilidade dos preços da energia.

Em resposta, o Banco Mundial rebaixou sua previsão de crescimento em 2022 para a região da Ásia-Pacífico de 5,4% para 5%, em parte devido a interrupções no fornecimento de commodities, dificuldades financeiras e preços mais altos. O processo de desaceleração nas expectativas deverá se espalhar pelo globo.

Um exemplo do espraiar dessas expectativas é a sinalização dada pela curva de juros nos EUA, que recentemente se inverteu (títulos longos pagavam menos que os curtos). Essa dinâmica é preocupante, uma vez que sinaliza uma recessão no futuro.

Se a inversão terminasse hoje, no entanto, os investidores debateriam se uma breve “inversão” seria suficiente para prever uma recessão, como costuma acontecer. A mensagem clássica enviada por uma curva de juros invertida é que as condições financeiras estão apertadas e pressagiam uma retração.

As recessões ligadas à curva de rendimentos foram enraizadas em políticas monetárias rígidas do Fed, que acabaram levando a economia a uma desaceleração. Agora, os movimentos da curva são baseados em ações antecipadas, e não reais. Os EUA não estão sozinhos e outras regiões devem experimentar o mesmo.

Um abraço,

Jojo Wachsmann

CIO e sócio fundador da Vitreo
Também conhecido como Jojo, George Wachsamnn é CIO e sócio fundador da Vitreo. Economista pela USP, com mestrado pela Stanford University e mais de 25 anos de experiência no mercado, passou pelo Unibanco (onde ajudou a montar a área de fundo de fundos) e anos mais tarde montou a Bawm Investments que foi mais tarde comprada pela GPS - a maior gestora de patrimônio independente do Brasil onde ele também trabalhou por anos, cuidando de fortunas. Jojo lidera a equipe de gestão e ajuda a viabilizar versões mais baratas de produtos antes disponíveis apenas para brasileiros de alto patrimônio. Ele “conversa” com todos nossos clientes semanalmente no Diário de Bordo, o update semanal da Vitreo sobre mercados e produtos.
Também conhecido como Jojo, George Wachsamnn é CIO e sócio fundador da Vitreo. Economista pela USP, com mestrado pela Stanford University e mais de 25 anos de experiência no mercado, passou pelo Unibanco (onde ajudou a montar a área de fundo de fundos) e anos mais tarde montou a Bawm Investments que foi mais tarde comprada pela GPS - a maior gestora de patrimônio independente do Brasil onde ele também trabalhou por anos, cuidando de fortunas. Jojo lidera a equipe de gestão e ajuda a viabilizar versões mais baratas de produtos antes disponíveis apenas para brasileiros de alto patrimônio. Ele “conversa” com todos nossos clientes semanalmente no Diário de Bordo, o update semanal da Vitreo sobre mercados e produtos.
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