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Pré-Mercado: Como o empate das Big Techs cairá no estômago dos investidores?

29 abr 2022, 8:09 - atualizado em 29 abr 2022, 8:09
Investidores acompanham os resultados corporativos | Boneca Russa (2019 – presente)

Bom dia, pessoal!

Ontem (28), tivemos um dia muito positivo para ativos de risco no âmbito global, da Ásia, passando pela Europa, até chegar às Américas. O Nasdaq, dos EUA, ganhou 3% em uma sessão, enquanto o S&P 500 subiu 2,5%. Os investidores digeriram até então os resultados corporativos, ignorando a primeira contração trimestral do crescimento econômico desde o início da pandemia no território americano.

Hoje (29), os mercados asiáticos continuam de bom humor, com altas na China, Hong Kong e Coreia do Sul — neste último, o mercado repercute os dados de produção industrial, que vieram acima do esperado. Na China, a véspera dos feriados do Dia do Trabalho, que começa a partir de 30 de abril, trouxe boa performance para os ativos. Apenas os japoneses não subiram, por estarem fechados devido a um feriado.

Na Europa, as principais Bolsas acompanham o movimento positivo para ativos de risco, enquanto os futuros dos EUA, por outro lado, corrigem bem nesta manhã, refletindo sobre os resultados de Apple e Amazon, que vieram mistos e abaixo da expectativa, respectivamente — a Amazon chegou a cair mais de 10% no after hours de ontem. O Brasil, para fechar o mês, tem espaço para seguir os passos europeus.

A ver…

Tributo sobre os bancos é elevado

No Brasil, investidores acompanham a temporada de resultados, que tem reservado notícias positivas para alguns nomes, em especial para os de commodities, como Vale, por exemplo, que indicou recompra de até 500 milhões de ações (10% da empresa), ou PetroRio, que comprou o campo de Albacora Leste por US$ 2,2 bilhões, possibilitando multiplicar por 5x a produção total da companhia até 2024. Ainda temos muitos resultados pela frente, uma vez que a temporada mal começou.

Em Brasília, alguns debates chamam a atenção, como as discussões envolvendo a privatização da Eletrobras. Ontem (28), o Congresso Nacional adiou a votação dos vetos de Jair Bolsonaro a 12 dispositivos da lei que autorizou a capitalização da empresa. Ainda assim, algumas coisas puderam ser votadas. Para ilustrar, o Senado Federal votou pela manutenção de dois vetos do presidente da República à lei mencionada. 

O primeiro é relativo à retirada do dispositivo que dava prioridade para utilizar recursos do Programa Casa Verde e Amarela e o segundo, ao dispositivo que obrigava a Eletrobras a realocar toda a população que esteja na faixa de servidão de linhas de transmissão com tensão igual ou superior a 230 quilovolts (kV) em região metropolitana das capitais dos estados. Mais coisas precisam ser discutidas antes de prosseguirmos com o tema.

De qualquer forma, outros dois assuntos devem ganhar contornos mais relevantes hoje. Em primeiro lugar, o aumento da CSLL para instituições não bancárias de 15% para 16% e para instituições financeiras de 20% para 21% até 31 de dezembro, apesar de esperado, pode cair mal no mercado hoje. Em segundo lugar, o Congresso aprova projeto para permitir redução de impostos sobre os combustíveis, o que pode gerar repercussão fiscal negativa sobre a curva de juros.

E essas Big Techs, hein?

As Big Techs ocuparam os holofotes da temporada de resultados nesta semana. Começou na terça-feira, com a Alphabet e a Microsoft divulgando os resultados. Quarta-feira foi a Meta, e ontem tivemos Amazon e Apple. No final, podemos considerar a ocorrência de um empate técnico, com duas superando as expectativas (Microsoft e Meta) e duas frustrando (Alphabet e Amazon) — o resultado da Apple veio misto. O pregão de hoje poderá guardar reação aos últimos dois resultados divulgados.

A Apple superou os números em quase todos os níveis em seu último trimestre, mas os investidores temem o que está por vir, com as restrições de fornecimento causadas por interrupções relacionadas à Covid e escassez de silício em todo o setor podendo afetar a capacidade da companhia de atender à demanda dos clientes. A Amazon, por outro lado, não conseguiu engajar o mercado com seus números, chegando a entregar mais de 10% de valor de mercado no after market.

A gigante do comércio eletrônico conseguiu quase corresponder às expectativas para o primeiro trimestre, também tendo divulgado perspectivas para o segundo trimestre aquém do esperado. Devendo digerir estes dois resultados, os investidores ainda acompanham o resto da temporada, que conta hoje com Bristol Myers Squibb, Charter Communications, Chevron, Colgate-Palmolive e Exxon Mobil.

Um PIB incomum

O produto interno bruto real dos EUA caiu 1,4% no primeiro trimestre. O declínio é uma surpresa, principalmente frente a um crescimento esperado de 1,1%. A economia cresceu a uma taxa estonteante de 6,9% no quarto trimestre, mas as preocupações vêm aumentando desde que a inflação se mostrou muito mais persistente do que o previsto, a invasão da Ucrânia pela Rússia afetou o mercado de commodities global e os rendimentos dos títulos apresentaram rápida elevação. A frustração reforçou o temor de uma ala do mercado, que projeta uma recessão em breve.

De qualquer forma, o consumidor dos EUA mostrou desaceleração do crescimento para um ritmo de demanda mais normal. A demanda de bens foi substituída pela demanda de serviços, sendo que a queda no primeiro trimestre foi liderada por um aumento nas importações, que contam como uma subtração no cálculo do PIB e saltaram para um recorde em março, quando os americanos começaram a comprar mais produtos do exterior. Ainda assim, como a renda e o trabalho se mostraram firmes, o mercado acabou deixando o dado de lado.

Anote aí!

Nos EUA, além da temporada de resultados, contamos com os dados de sentimento do consumidor em Michigan, que deve desacelerar para 62,2 frente aos 62,8 de março. O mais importante do dia, porém, é o índice de preços dos gastos com consumo (PCE) de março — os dados de renda devem aumentar 0,4% na comparação mensal, enquanto os gastos devem subir 0,6%.

Na Zona do Euro, teremos a primeira leitura do PIB do primeiro trimestre e o índice de preços ao consumidor de abril. No Brasil contamos com pesquisa sobre sucessão presidencial, divulgação do resultado das contas do setor público consolidado de março, Panorama da Pequena Indústria e dados sobre desemprego (Pnad Contínua) referentes ao último trimestre, encerrado em março. 

Muda o que na minha vida?

Os últimos dias foram intensos na vida dos funcionários do Twitter. Todo o mundo acompanhou a oferta feita por Elon Musk para comprar a companhia. O movimento gerou estresse sobre os acionistas da Tesla, uma vez que foi questionada a capacidade de Musk de lidar com os dois negócios — tanto é verdade que as ações da Tesla afundaram na sequência da aceitação do conselho do Twitter.

Há ainda uma possibilidade de rompimento, na verdade. De acordo com um novo arquivamento da SEC, Musk potencialmente deveria ao Twitter US$ 1 bilhão se suas fontes de financiamento falharem. Alternativamente, o Twitter deveria a Musk US$ 1 bilhão se os acionistas rejeitassem a oferta ou se encontrassem um comprador mais atraente. A expectativa é que o negócio seja fechado até 24 de outubro – até lá, o tema deve gerar volatilidade no universo de tecnologia.

Um abraço,

Jojo Wachsmann

CIO e sócio fundador da Vitreo
Também conhecido como Jojo, George Wachsamnn é CIO e sócio fundador da Vitreo. Economista pela USP, com mestrado pela Stanford University e mais de 25 anos de experiência no mercado, passou pelo Unibanco (onde ajudou a montar a área de fundo de fundos) e anos mais tarde montou a Bawm Investments que foi mais tarde comprada pela GPS - a maior gestora de patrimônio independente do Brasil onde ele também trabalhou por anos, cuidando de fortunas. Jojo lidera a equipe de gestão e ajuda a viabilizar versões mais baratas de produtos antes disponíveis apenas para brasileiros de alto patrimônio. Ele “conversa” com todos nossos clientes semanalmente no Diário de Bordo, o update semanal da Vitreo sobre mercados e produtos.
Também conhecido como Jojo, George Wachsamnn é CIO e sócio fundador da Vitreo. Economista pela USP, com mestrado pela Stanford University e mais de 25 anos de experiência no mercado, passou pelo Unibanco (onde ajudou a montar a área de fundo de fundos) e anos mais tarde montou a Bawm Investments que foi mais tarde comprada pela GPS - a maior gestora de patrimônio independente do Brasil onde ele também trabalhou por anos, cuidando de fortunas. Jojo lidera a equipe de gestão e ajuda a viabilizar versões mais baratas de produtos antes disponíveis apenas para brasileiros de alto patrimônio. Ele “conversa” com todos nossos clientes semanalmente no Diário de Bordo, o update semanal da Vitreo sobre mercados e produtos.
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