Coluna
BusinessTimes

Pré-Mercado: Mal acabou e já voltou a acontecer

17 fev 2022, 8:56 - atualizado em 17 fev 2022, 8:56
Tensões de guerra continuam | Zumbilândia (2009)

Bom dia, pessoal!

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Os mercados internacionais não amanhecem tão bem diante do fato de a Rússia não estar dando sinais de recuar hoje (17), conforme divulgado por alguns veículos de notícia no início da semana. A Europa segue a Ásia e não consegue sustentar um tom predominantemente positivo nesta manhã.

Os futuros americanos também apresentam queda depois de a ata do Fed manter o tom duro da autoridade monetária. O Brasil, por sua vez, tem se descolado do humor global, com forte entrada de recursos estrangeiros, que buscam ativos descontados em meio à rotação setorial.

A ver…

É chuva de dólares

O Brasil tem experimentado uma grande entrada de capital internacional, movimento que favorece o real — no ano, o fluxo total segue positivo em US$ 6,57 bilhões. Com isso, ontem (16) o dólar à vista atingiu sua menor cotação desde o início de julho do ano passado no fechamento, em R$ 5,1279 (uma queda de quase 8% no ano). A Bolsa brasileira também é embalada pelo gringo, voltando para cima de 115 mil pontos pela primeira vez em cinco meses.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Enquanto o mercado espera as prévias da inflação de fevereiro, podemos ficar menos preocupados com Brasília, pelo menos nesta semana — o Senado adia a votação de projetos sobre combustíveis para a semana que vem. A reunião trimestral de diretores do Banco Central e o encontro do Conselho Monetário Nacional acontecem hoje. Não houve arrefecimento das apostas para uma Selic acima de 12% ainda neste semestre, mas os eventos devem chamar a atenção dos investidores locais.

Não disse muito, mas também não disse pouco

A quarta-feira (16) reservou a divulgação da ata da reunião do Fed em janeiro, que indicou, entre outras coisas, que será apropriado começar a redução de balanço após o início do ciclo de redução dos juros e que tal redução será mais rápida do que no passado recente (tentativa de 2017/2018 de reduzir o balanço), dadas as condições bizarras atuais. De todo modo, o tom mais agressivo do presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, não é unanimidade dentro da autoridade, o que dá brecha para um alívio.

Contudo, o documento, apesar de relevante e de tom duro, não esclareceu as intenções de curto prazo do Fed. No fim das contas, as atas não revelaram nada de novo sobre a direção que o Fed provavelmente tomará. Contudo, paralelamente, os mercados absorviam dados fortes de produção industrial e de vendas no varejo em janeiro, ambos os dados acima da expectativa do consenso. O calor da economia americana sinaliza que a inflação não se normalizará tão cedo, forçando o Fed a atuar.

Arrefecimento de tensões durou pouco

A atenção europeia ainda está focada na Ucrânia. De ontem para hoje, novas informações foram assimiladas pelos investidores, que passaram a entender, conforme sinalizou a Casa Branca, que a Rússia não só não está retirando suas forças da fronteira, como teria colocado mais sete mil soldados nos últimos dias. Apesar dos esforços diplomáticos ocidentais, as mobilizações aumentam a chance de um conflito.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Sobre o tema, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, afirmou que a organização escutou os sinais de Moscou sobre a continuação dos esforços diplomáticos; entretanto, até agora, a Otan indica não ter visto qualquer desescalada no terreno. A volta das tensões aquece o sentimento de aversão ao risco e gera volatilidade nos mercados, em especial o de energia.

Anote aí!

Na agenda doméstica, acompanhamos a participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em diversos eventos ao longo do dia. Eventuais falas sobre condução de política monetária poderão refletir sobre o mercado. A temporada de resultados segue firme por aqui, como nomes como Neoenergia e Rumo. No aspecto econômico, índices prévios de inflação, como o IGP-M (segunda prévia de fevereiro) e o IPC-S Capitais (segunda quadrissemana de fevereiro), marcam o dia.

Lá fora, o presidente Jair Bolsonaro tem reunião com o presidente da Hungria, János Áder, e com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán. Nos EUA, a temporada de resultados aguarda por nomes como Palantir Technologies, Roku e Walmart. Paralelamente, os investidores aguardam pelos dados de novas construções residenciais para janeiro, bem como os tradicionais pedidos iniciais de auxílio-desemprego para a semana encerrada em 12 de fevereiro. Falas de autoridades monetárias na Europa e em solo americano são esperadas.

Muda o que na minha vida?

Há muita preocupação nos mercados sobre uma potencial invasão russa da Ucrânia e aumentos das taxas de juros pelo Federal Reserve. De fato, tais fatores macroeconômicos e geopolíticos têm bastante influência sobre um mercado informado e sensível como o atual. Contudo, como pano de fundo, as empresas continuam a gerar lucros muito fortes, uma dinâmica que pode impedir que as ações caiam demais, apesar da pressão de venda.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Nos EUA, aproximadamente três quartos das empresas do S&P 500 já divulgaram seus resultados dos últimos três meses de 2021. De acordo com a FactSet, 77% superaram as expectativas de Wall Street, que estão acima da média de cinco anos. Espera-se agora que as empresas do índice cresçam os lucros do quarto trimestre em mais de 30%, com base nos resultados já divulgados e nas projeções dos que faltam.

Porém, nesse aspecto, nem tudo são flores. As expectativas para o futuro estão ficando mais nebulosas, uma vez que, para o primeiro trimestre de 2022, até agora pelo menos 47 empresas disseram esperar lucros menores do que o previsto anteriormente, enquanto apenas 17 aumentaram suas expectativas. Tais sinalizações indicam que estamos em um ponto de inflexão para os lucros corporativos, depois da grande recuperação pós-pandêmica (as coisas precisam se normalizar agora).

Um abraço,

Jojo Wachsmann

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Compartilhar

WhatsAppTwitterLinkedinFacebookTelegram
CIO e sócio fundador da Vitreo
Também conhecido como Jojo, George Wachsamnn é CIO e sócio fundador da Vitreo. Economista pela USP, com mestrado pela Stanford University e mais de 25 anos de experiência no mercado, passou pelo Unibanco (onde ajudou a montar a área de fundo de fundos) e anos mais tarde montou a Bawm Investments que foi mais tarde comprada pela GPS - a maior gestora de patrimônio independente do Brasil onde ele também trabalhou por anos, cuidando de fortunas. Jojo lidera a equipe de gestão e ajuda a viabilizar versões mais baratas de produtos antes disponíveis apenas para brasileiros de alto patrimônio. Ele “conversa” com todos nossos clientes semanalmente no Diário de Bordo, o update semanal da Vitreo sobre mercados e produtos.
George.Wachsamnn@moneytimes.com.br
Também conhecido como Jojo, George Wachsamnn é CIO e sócio fundador da Vitreo. Economista pela USP, com mestrado pela Stanford University e mais de 25 anos de experiência no mercado, passou pelo Unibanco (onde ajudou a montar a área de fundo de fundos) e anos mais tarde montou a Bawm Investments que foi mais tarde comprada pela GPS - a maior gestora de patrimônio independente do Brasil onde ele também trabalhou por anos, cuidando de fortunas. Jojo lidera a equipe de gestão e ajuda a viabilizar versões mais baratas de produtos antes disponíveis apenas para brasileiros de alto patrimônio. Ele “conversa” com todos nossos clientes semanalmente no Diário de Bordo, o update semanal da Vitreo sobre mercados e produtos.
As melhores ideias de investimento

Receba gratuitamente as recomendações da equipe de análise do BTG Pactual – toda semana, com curadoria do Money Picks

OBS: Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar