Colunista Vitreo

Pré-Mercado: Um mundo em que se teme inversões

04 abr 2022, 9:26 - atualizado em 04 abr 2022, 9:26
Famosa como sempre: Petrobras volta a ser assunto central do mercado local | Quase Famosos (2000)

Oportunidades do dia

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Bom dia, pessoal!

Lá fora, nos EUA, não se pensa em outra coisa a não ser a inversão recente da curva de juros (rendimento dos títulos públicos federais), que sinalizou uma possível recessão à frente. Justamente por isso, os próximos dias, que contam com a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve, serão muito importantes para que o mercado compreenda melhor os rumos da política monetária americana.

Na Ásia, os casos de Covid-19 continuam a aumentar na cidade chinesa de Xangai, sendo que a contagem de casos é ainda maior do que em Hong Kong. Mais lockdowns foram feitos, o que poderia prejudicar a atividade econômica no curto prazo. Pelo menos por enquanto a produção industrial parece ser pouco afetada, ainda que a demanda doméstica deva enfraquecer marginalmente.

Por conta disso, o início da semana foi em tom misto para as Bolsas por lá, em um sentimento de cautela. Os mercados europeus, por sua vez, conseguem sustentar nesta manhã, ainda que timidamente, uma alta um pouco mais uniforme, assim como os futuros americanos. Temos, aqui no Brasil, espaço para acompanharmos o bom humor, apesar das incertezas envolvendo algumas empresas de peso relevante no índice.

A ver…

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O vaivém de incertezas

Por aqui, diversas categorias de servidores públicos se reúnem nos próximos dias para decidir sobre a possibilidade de greve por reajuste salarial — alguns segmentos já aderiram ao movimento, que poderá marcar o mês de abril.

Para se ter uma ideia, a greve dos funcionários do Banco Central já começa a atrasar a divulgação de dados, como o próprio Boletim Focus, tradicionalmente divulgado na manhã de segunda-feira.

Agora, depois do fim da janela partidária, os parlamentares se voltam para a composição das comissões permanentes do Congresso, em especial da Câmara dos Deputados, enquanto o Senado promove uma bateria de análises das indicações de autoridades.

Saindo do ambiente político, atenção para o maior assunto da semana, o IPCA de março, que apresentará ao mercado a inflação oficial na sexta-feira e que promete vir forte, como os últimos indicadores de preço vieram — pode se provar um desafio para o BC encerrar o ciclo de aperto na próxima reunião de maio.

Além disso, os investidores repercutem a decisão de Rodolfo Landim de renunciar à indicação para o conselho da Petrobras, que acompanha as incertezas sobre a indicação de Adriano Pires para presidir a companhia.

Ao que tudo indica, pesa na decisão de Pires uma exigência hoje que parece ser incontornável: a Lei das Estatais impede que um executivo tenha parentes atuando no mercado para empreendimentos que possam ser considerados concorrentes — seu filho assumiria a sua empresa, o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Só se fala da ata do Fomc

Nos EUA, o destaque da semana é sem dúvida a ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que deverá ser divulgada na quarta-feira (6) e será importante para que o mercado possa antecipar os próximos passos do Fed para altas mais agressiva em 2022, além, é claro, da redução do balanço de ativos da autoridade.

Os investidores ainda digerem o relatório de emprego da última sexta-feira (1º), que foi consistente com a ideia de economia americana bem aquecida. Isso porque, apesar de vir abaixo do esperado, ainda se mostrou um número bem forte, com a adição de 431 mil vagas em março. 

Ocorre que a resiliência da economia será tomada como mais uma evidência de que o mercado pode suportar um aumento mais acentuado nas taxas de juros para controlar os preços — muitos agora já esperam um aumento de 50 pontos-base em maio.

Mais sanções

A União Europeia está considerando sanções econômicas adicionais contra a Rússia após alegações de atrocidades cometidas na cidade de Bucha, a noroeste de Kiev — o movimento ocorre após as negociações de paz entre Rússia e Ucrânia engasgarem e países do bloco começarem a considerar seriamente sanções sobre o mercado de energia.

Ao que tudo indica, a menos que as sanções tenham como alvo o fornecimento de energia para a Europa ou empresas de outros países que fazem negócios com a Rússia, o impacto econômico marginal provavelmente será limitado. Ainda assim, a escalada da guerra econômica contra os russos continua.

Anote aí!

Por aqui, teremos Balança Comercial semanal e IPC-Fipe, que deverá acelerar 1,23% em março. Enquanto isso, lá fora, os investidores aguardam os números de encomendas às indústrias dos EUA no mês de fevereiro. No Reino Unido, falas de autoridade monetária, incluindo a do presidente da autoridade, Andrew Bailey, poderão movimentar o humor do mercado.

Muda o que na minha vida?

Os movimentos recentes que desaceleraram o processo de globalização, como a guerra comercial EUA-China, a pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia, podem acelerar o uso de moedas digitais. Basicamente, a agressão internacional russa e a subsequente dissociação do país da economia global vão levar empresas e governos em todo o mundo a reavaliar suas interdependências.

Um dos pontos de atenção é o uso de moedas digitais como meio de melhorar as transações internacionais, uma vez que a guerra também poderá levar os países a reavaliar suas dependências monetárias — a suspensão do acesso às reservas internacionais russas depôs contra a soberania do dólar.

Agora, um sistema global de pagamento digital, cuidadosamente projetado, pode melhorar a liquidação de transações internacionais, reduzindo o risco de lavagem de dinheiro e corrupção, inclusive.

No final do dia, a magnitude dessa guerra na Ucrânia poderá impactar as próximas décadas, sendo ponto de inflexão na ordem mundial estabelecida com o fim da União Soviética e nas tendências macroeconômicas das últimas três décadas.

Um abraço,

Jojo Wachsmann