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Presidente da ABRAS vê distorção no Brasil; ‘Por que não temos um imposto de 50% para bets?’

11 jun 2025, 10:51 - atualizado em 17 jun 2025, 11:30
bets alimentos agronegócio
Estima-se que 25 milhões de brasileiros participem de cassinos virtuais, com 86% deles endividados por bets. (Foto: LIDE)

O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS ), João Galassi, afirma que há distorções na política tributária brasileira e questiona os impostos mais baixos para bets na comparação com produtos alimentícios.

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“Hoje, temos 12% de impostos nas bets e de 34,58% e 36,26% para produtos como biscoitos e manteiga, respectivamente. O Governo Federal anunciou que esse imposto para apostas pode chegar até 18%, mas eu questiono: por que não estabelecemos o teto da alíquota para apostas e inserimos o imposto seletivo para chegar em 50%? As apostas estão destruindo nossas famílias”, disse durante o 2º Brasília Summit, evento realizado pelo grupo empresarial LIDE.

De acordo com o Serviço Social da Indústria (SESI), estima-se que 25 milhões de brasileiros participem de cassinos virtuais, com 86% deles endividados e 64% com nome negativado.

Fora isso, outro dado indica que 76% dos gastos das classes D/E com lazer e cultura estão capturados pelas apostas.  Segundo estimativas do Banco Central (BC), os brasileiros apostam cerca de R$ 30 bilhões por mês.

Na abertura do painel, “A força do agro brasileiro na garantia da segurança alimentar”, Galassi destacou o papel do agronegócio brasileiro no atendimento da sua própria cadeia.

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“O setor responde por 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, atende 80% do consumo doméstico e responde por 200 cadeias produtivas. Somos uma superpotência em produção de alimentos. 72% da carne produzida no país é consumida aqui, assim como 100% dos ovos e do feijão, junto de 93% do arroz. Nós alimentamos o mundo, mas mais importante que isso, alimenta a si mesmo. Isso só é possível pela indústria, varejo e o próprio setor”.

O deputado federal e líder da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion, disse que o setor não pode ser atrapalhado e que a política não pode “entrar para dentro da porteira”, algo que segundo ele, está acontecendo.

“Já lidamos com muitos desafios no setor, por isso, somos contra a taxação de IOF e das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), que tanto ajudam no financiamento do nosso setor. Quanto a impostos, um exemplo que trago é que 95% do nosso tabaco é exportado, sendo que entre 60% e 65% do produto que entra no Brasil é contrabandeado e não cobra impostos. Fora isso, os grandes shoppings seguem vendendo os chamados ‘vapes’ sem nenhuma fiscalização e tributação”.

Também no painel, Francisco Matturro, fundador da Agrishow, defendeu o ano safra no Brasil dentro de um ano calendário, de janeiro até dezembro. Para ele, a mudança traria mais previsibilidade para investimentos. 

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Por meio de comunicado, a Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL) protestou:

A Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL) entrou com uma ação na Justiça na segunda-feira (16), para que a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) explique a origem das informações divulgadas nas suas redes sociais e do presidente da entidade do setor de varejo, João Galassi, com teor que  vincula a atividade regulada de apostas ao agravamento da insegurança alimentar no país.
Na interpelação judicial, a ANJL  enfatiza que o conteúdo tem alegações generalizadas e potencialmente difamatórias,  extrapolam “críticas a agentes específicos e atingem o setor como um todo”. Na  postagem, que foi feita no último dia 10, a ABRAS diz que, em 2024,  o varejo teria perdido R$ 103 bilhões para o mercado de apostas. No entanto, dados oficiais do IBGE mostram que, no último ano, o setor registrou um crescimento de 4,7%.
Outro dado mencionado de forma equivocada é de que as bets autorizadas pelo governo federal pagariam apenas 12% de carga tributária, sendo que esta alíquota refere-se apenas a uma contribuição específica prevista na Lei nº 13.756/2018, o chamado GGR (Gross Gaming Revenue). A tributação efetiva gira em torno de 38%, considerando a incidência cumulativa de tributos como IRPJ, CSLL, PIS, COFINS e ISS, além do GGR.
A ANJL pretende utilizar a eventual resposta da ABRAS para subsidiar futuras medidas judiciais cabíveis, inclusive criminais e reparatórias.
 “O setor de varejo resolveu eleger um culpado para a alta dos alimentos na mesa das famílias. E, na opinião deles, as bets são as responsáveis. Chega a ser absurdo, porque dissemina uma notícia falsa que tem o objetivo de atacar um setor legítimo da economia, que, somente este ano, vai gerar em impostos mais de R$ 4 bilhões. Dinheiro que tem destinação prevista na lei para investimentos nas áreas de Esporte, Saúde, Segurança Pública, Turismo, Educação e Seguridade Social. Reduzir as questões orçamentárias do país ao mercado regulado de apostas é algo irresponsável e simplista ”, afirmou o presidente da ANJL, Plínio Lemos Jorge.
Segundo Plínio, o vídeo da postagem é ofensivo e tem um tom de desinformação ao não diferenciar as empresas de apostas autorizadas e fiscalizadas pelo Ministério da Fazenda dos sites de apostas ilegais, que  representam uma grave ameaça à arrecadação pública, desviando bilhões de reais que deveriam ir para os cofres públicos. “Ninguém chegou de forma sorrateira, como diz o vídeo. Os nomes das casas legalizadas são públicos e de consulta para qualquer pessoa nos sites do governo federal, que, inclusive, divulga toda vez que uma bet é autorizada a funcionar no país. A ABRAS pode ser contra o setor de apostas, mas não pode disseminar informação falsa”, afirmou Plínio.

 

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Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024 e 2025, ficou entre os 100 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024 e 2025, ficou entre os 100 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.