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Presidente do Banco da Inglaterra debate sobre possíveis aplicações de uma moeda digital

03 set 2020, 13:33 - atualizado em 03 set 2020, 13:40
Bailey fala sobre um possível futuro em que tanto stablecoins como CBDCs coexistam e complementem umas às outras (Imagem: Unsplash/@cliffordgatewood)

Andrew Bailey, presidente do Banco da Inglaterra, deu um discurso abrangente nessa segunda-feira (31), incluindo stablecoins, moedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDCs) e o futuro dos pagamentos.

Durante seu discurso, Bailey criticou criptoativos como bitcoin — “me parecem inadequados ao mundo dos pagamentos, onde a certeza do valor importa”, disse ele —, mas destacou que stablecoins lastreadas em fiduciárias como algo que “poderia oferecer certos benefícios úteis” para pagamentos.

Em certo momento, Bailey articula um possível futuro em que tanto stablecoins como CBDCs coexistam e complementem umas às outras a partir de uma perspectiva de usuário.

“Stablecoins e CBDCs não são necessária e mutuamente exclusivas. Dependendo das escolhas de design, podem estar uma junto com a outra, tanto como opções distintas de pagamentos ou com elementos do sistema de stablecoins, como carteiras, fornecendo aos consumidores acesso a uma CBDC. Então, provavelmente, tanto o setor privado como o público trabalharão juntos no futuro dos pagamentos”, disse ele, acrescentando que:

Além de não serem exclusivas, stablecoins e CBDCs não são as únicas formas de atender às demandas de alterações e reduzir atritos nos pagamentos. Precisamos continuar a melhorar a infraestrutura existente, incluindo a renovação e a harmonização de sistemas RTGS.

Esse trabalho irá continuar em paralelo com outros desenvolvimentos. Também existem iniciativas como a Nova Arquitetura de Pagamentos do Reino Unido, que oferece uma infraestrutura de pagamentos a varejo consolidada e aberta.

bitcoin inglaterra bandeira
“Stablecoins globais devem ter governança robusta e gestão de risco e serem transparentes sobre seus mecanismos de estabilidade e direitos de detentores das moedas”, afirma Bailey (Imagem: Pixabay/cryptostock)

Em relação a uma estrutura de stablecoins, Bailey possui a mesma opinião de outros reguladores sobre existir a necessidade de uma coordenação internacional.

“Mas uma stablecoin global é um fenômeno internacional”, destacou ele.

Pode ser operada em apenas uma jurisdição, denominada na moeda de outra e usada por clientes em uma terceira. A resposta regulatória deve combinar com isso.

Assim como em sistemas de pagamentos bancários e tradicionais, a resposta regulatória deve ser fundamentada em padrões internacionais combinados. Questões globais exigem uma resposta global, principalmente para stablecoins multimoedas destinadas para transações internacionais.

Para este fim, ele destacou o trabalho sendo feito pelo G7 e pelo Conselho de Estabilidade Financeira (FSB) — os resultados serão disponibilizados em breve ao público.

“O FSB realizou uma consulta em abril sobre os desafios regulatórios e supervisórios que representam, que serão explicados em um relatório final em outubro, e o Banco da Inglaterra apoia as iniciativas para criar um conjunto inicial de expectativas”, disse Bailey.

“Essas incluem que stablecoins devem ser reguladas com base nas funções que realizam e os riscos que criam e deve haver ampla regulamentação e supervisão nacional e internacional.”

“Stablecoins globais devem ter governança robusta e gestão de risco e serem transparentes sobre seus mecanismos de estabilidade e direitos de detentores das moedas”, continuou ele.

O Banco da Inglaterra é um dentre inúmeros bancos centrais em todo o mundo a criar projetos relacionados a CBDCs e dinheiro digital (e-money).

Ainda veremos se o banco central do Reino Unido realmente irá apresentar sua própria criptomoeda, mas anos de comentários e pesquisas e desenvolvimentos a colocaram na dianteira dessa área.

Confira, abaixo, o discurso completo de Andrew Bailey:

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