Mercados

Qual é a mensagem dos dados de emprego dos EUA que fez o dólar disparar aqui e lá fora?

03 fev 2023, 12:16 - atualizado em 03 fev 2023, 12:16
Dólar
Alegria com dólar abaixo de R$ 5 durou pouco e moeda dispara com Estados Unidos mostrando que economia pode não estar tão ruim assim (Imagem: Pixabay/PublicDomainPictures)

O dólar à vista opera em alta no mercado doméstico e no exterior após os Estados Unidos mostrarem que o mercado de trabalho está aquecido no país, o que fez a moeda norte-americana a ganhar força globalmente.

Aqui, o dólar sobe desde a abertura dos negócios. Porém, acelerou a alta, acima de 1%, após o dado de emprego americano (payroll) apontar a criação de 517 mil novos postos de trabalho, ficando bem acima das expectativas do mercado.

Por volta das 12h05 (de Brasília), a divisa estrangeira avançava 1,2% frente ao real, cotada a R$ 5,11 para venda, após ficar abaixo de R$ 5, menor valor desde junho de 2022, ontem. O contrato futuro com vencimento em março tinha alta de 1,3%, a R$ 5,12. Lá fora, o Dollar Index (DXY) passou de queda antes do payroll para a alta e subia 0,6%, aos 102,4 pontos.

Dólar avança com ‘Fed pressionado’

A moeda americana foi às mínimas em oito meses no mercado doméstico e o DXY quase chegou aos 100 pontos não em vão. O mercado viu o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) mais “dovish” (suave) na quarta-feira (1º) ao anunciar mais uma elevação da taxa de juros, em 0,25 ponto percentual (p.p.).

Porém, um mercado de trabalho altamente aquecido pode pressionar a autoridade monetária, diz o CEO da Conti Capital, Carlos Vaz. “Isso pode fazer com que seja revisto o plano de política monetária do Fed para ajustes de rota, inclusive voltando a considerar subir os juros além do previsto. É algo que pode preocupar e refletir negativamente no mercado, no curto prazo, causando volatilidade e incerteza”, avalia.

Já o sócio e economista-chefe do banco Modal, Felipe Sichel, entende que os números reforçam a perspectiva de um mercado de trabalho extremamente apertado. “A indicação vinda da taxa de desemprego, dos salários e das horas médias trabalhadas sugere persistência na pressão inflacionária com o mercado de trabalho aquecido”, reforça.

Segundo Sichel, a perspectiva esperada de enfraquecimento da força de trabalho derivado do aperto nas condições financeiras ainda não se materializa. O que sugere necessidade de juros altos por período maior. “Não à toa a reação do mercado passa pela precificação de um ambiente mais “hawkish” [duro] para o Fed”, pondera.

Economia dos EUA pode não estar tão mal assim

O economista da Ativa Investimentos, André Coelho, observa que o resultado de janeiro do payroll indica que o mercado de trabalho dos Estados Unidos não está desacelerando. “Isso pode ser bom para aumentar a probabilidade de um ‘soft landing’ [pouso suave da economia]”, comenta.

Ele acrescenta que os rendimentos continuam altos, indicando que as pressões desinflacionárias não serão tão fortes quanto se imaginava. “Isso exerce pressão por mais juros ou um adiamento do primeiro corte”, diz.

Vaz, da Conti, diz ter confiança em dizer que os dias mais difíceis estão ficando para trás, apesar de ainda ser momento para cautela.

“A economia americana vem surpreendendo positivamente, de forma geral, e tem oferecido ao mercado financeiro e à sua população um recado de que amadureceu bastante, especialmente depois da crise de 2008″, relembra.

Repórter
Jornalista mineira com experiência em TV, rádio, agência de notícias e sites na cobertura de mercado financeiro, empresas, agronegócio e entretenimento. Antes do Money Times, passou pelo Valor Econômico, Agência CMA, Canal Rural, RIT TV e outros.
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