BusinessTimes

Qual é o impacto do Pix sobre os grandes bancos?

17 ago 2022, 16:30 - atualizado em 17 ago 2022, 16:40
Pix é uma ferramenta lançada pelo Banco Central que levou mais brasileiros a abrirem contas correntes, beneficiando os bancos (Imagem: Montagem com fotos de Marcio Juliboni/Renan Dantas/Divulgação)

É falsa a ideia disseminada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) de que os grandes bancos tiveram prejuízo com o surgimento do Pix. É o que dizem analistas consultados pelo Money Times.

As tradicionais operações de transferência de valor, DOC e TED, eram os principais meios até 2020. Em média, cada operação têm taxas entre entre R$ 10 e R$ 22.

Porém, com a criação do Pix, os bancos passaram a ter uma perda, não especificada em balanços trimestrais, com a linha receitas com transferência.

Só que, conforme lembra o analista da Ativa Investimentos Pedro Serra, a receita com serviços de conta corrente equivale a menos de 5% da receita total dos bancos. Os serviços com transações, segundo ele, são uma parcela ainda menor desse montante.

No ano passado, em meio ao avanço do Pix os bancos perderam quase R$ 2,7 bilhões em receitas de serviços de conta corrente, de acordo com reportagem da Folha de S. Paulo. 

Por outro lado, segundo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, houve ganhos com a abertura de novas contas e novos modelos de negócios.

“Você retira dinheiro de circulação, que é um custo enorme para o banco, mas aumenta a transação”, disse em evento recente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Serra, da Ativa, segue a mesma linha ao dizer que a ferramenta lançada pelo BC levou mais brasileiros a abrirem contas correntes. “Isso trouxe novas oportunidades para os bancos rentabilizarem em cima dos novos clientes”, explica.

Alta dos lucros

Segundo dados do Banco Central, o lucro líquido dos bancos no Brasil alcançou R$ 132 bilhões no ano passado, alta de 49% em relação a 2020 e de 10% em relação a 2019.

“O crescimento da margem de juros, a redução das despesas com provisões e ganhos de eficiência explicam a melhora dos resultados”, disse a autoridade monetária.

No balanço mais recente, do segundo trimestre, Itaú Unibanco (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) reportaram alta de 16% do lucro consolidado, a R$ 90 bilhões, segundo a Economática/TC.

Já a receita líquida somou R$ 638 bilhões, quase o dobro dos  R$ 369 bilhões do ano passado. Os bancos também distribuíram mais dividendos: R$ 34 bilhões, disparada de 56%.

Analista do Inter, Matheus Amaral lembra que com o menor custo de transação, pontuado pelo presidente do BC, há uma compensação na linha de despesas dos bancos.

Ele destaca ainda que o Pix de pessoa jurídica é cobrado e que os bancos seguem fortes em crédito. Porém, há um sinal amarelo para o crescimento em linhas de maior risco.

“É um ponto de alerta para a perspectiva de inadimplência”, comenta Amaral. Tal visão está em linha com o que o mercado tem avaliado após os resultados dos bancos no segundo trimestre.

Balanço do Pix

Desde que foi implementado, o Pix movimentou quase R$11 bilhões em 21,5 milhões de transações.

E os números aumentam progressivamente. O mês de julho, por exemplo, bateu recordes tanto em volume quanto em número de transações.

No último mês de registro, foram R$ 933 milhões movimentados em pouco mais de 2 bilhões de transações.

*Colaboraram Renan Dantas e Matheus Caselato. 

Siga o Money Times no Instagram!

Conecte-se com o mercado e tenha acesso a conteúdos exclusivos sobre as notícias que enriquecem seu dia! Sete dias por semana e nas 24 horas do dia, você terá acesso aos assuntos mais importantes e comentados do momento. E ainda melhor, um conteúdo multimídia com imagens, vídeos e muita interatividade, como: o resumo das principais notícias do dia no Minuto Money Times, o Money Times Responde, em que nossos jornalistas tiram dúvidas sobre investimentos e tendências do mercado, lives e muito mais… Clique aqui e siga agora nosso perfil!

Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
Linkedin
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
Linkedin