Qual é o problema por trás do recall dos aviões da Airbus
A Airbus, fabricante europeia de aviões, confirmou um novo problema de qualidade nos jatos da família A320 — seu modelo mais comercializado e peça-chave das frotas das companhias aéreas ao redor do mundo.
Desta vez, a falha envolve painéis metálicos produzidos por um fornecedor externo, cujo nome não foi revelado. De acordo com a empresa, a origem do defeito já foi identificada e contida, e os componentes recém-saídos da linha de produção estariam dentro do padrão.
O comunicado surge poucos dias após um recall global de software que manteve milhares de aeronaves A320 temporariamente em solo. A falha, revelada no sábado (29), obrigou companhias da Europa, Ásia e América Latina a cancelar ou reorganizar voos para reinstalar uma versão anterior do sistema que interpreta comandos dos pilotos.
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O primeiro incidente
A situação ganhou gravidade após um voo da JetBlue que partia de Cancún com destino a Newark, em 30 de outubro. Fontes disseram à Reuters que o ELAC apresentou inconsistências depois de forte exposição solar, levando engenheiros da Airbus a constatar que dados essenciais haviam sido corrompidos.
A correção, obrigatória para milhares de aviões, consiste em reinstalar uma versão mais antiga e estável do software. Sem essa reversão, as aeronaves não podem voltar às operações comerciais.
Segundo a própria Airbus, cerca de 6 mil unidades da família A320 — mais da metade da frota mundial de 6,44 mil aeronaves — entraram no escopo do recall, considerado um dos maiores movimentos de segurança da companhia em 55 anos.
Painéis metálicos: o segundo revés em menos de uma semana
Para agravar o momento, a Airbus confirmou na segunda-feira um problema de qualidade em painéis instalados na fuselagem de algumas unidades recém-produzidas do A320.
A fabricante não informou quem é o fornecedor nem quantas aeronaves foram afetadas, mas destacou que:
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a falha não envolve aviões já em operação;
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menos de 100 unidades podem demandar reparos físicos;
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a produção já foi ajustada e novas peças atendem às especificações.
Um problema raro — e potencialmente caro
Executivos do setor classificam o cenário como incomum e com potencial de gerar custos elevados. A necessidade de corrigir software e revisar hardware simultaneamente ocorre em um momento em que a cadeia global de aviação ainda enfrenta escassez de mão de obra, gargalos logísticos e lentidão no fornecimento de componentes.
No fim de semana, operações foram suspensas em todo o mundo. No Brasil, o A320 é utilizado por Latam e Azul, e, até agora, não há indicação de impactos relevantes.
A Airbus tenta conter a repercussão dizendo às companhias aéreas que o número de aeronaves que precisará de reparos estruturais será menor do que o estimado inicialmente. Para a maioria, a solução se limitará à reinstalação do software.
O que é o Airbus A320
Lançado em 1988, o A320 se consolidou como o avião comercial mais vendido do planeta e o principal produto da Airbus. Criado para rotas de média distância, o modelo marcou uma virada na aviação ao introduzir o fly-by-wire — sistema que substitui comandos mecânicos por sinais eletrônicos, hoje padrão na indústria.
A família A320 inclui as versões A318, A319, A320 e A321, com capacidades distintas para atender desde rotas regionais até mercados de alta demanda. Operado por centenas de companhias em todos os continentes, o A320 é reconhecido pela eficiência, economia de combustível e custos operacionais mais baixos.
Sua importância estratégica é tão grande que qualquer falha relevante, como o recall atual, gera impacto imediato no mercado global de aviação.