Dólar

Quanto é o “dólar Haddad” e o “dólar Bolsonaro”? Gestora faz os cálculos

24 ago 2018, 17:42 - atualizado em 24 ago 2018, 17:42

Por Arena do Pavini

A alta do dólar em relação ao real, que chegou nesta semana a R$ 4,12, pode estar apenas no começo, afirmam analistas. De acordo com quem ganhar a eleição e as propostas para ajustar a economia do país, reduzindo o déficit público e mudando a trajetória explosiva de crescimento da dívida do governo, a moeda americana ainda poderá andar muito mais ou cair um pouco. Estudo feito por uma gestora de recursos mostra a variação do dólar antes da eleição de 2002, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, ganhou pela primeira vez a Presidência, comparada à deste ano.

Corrigidos pela inflação, os valores consideram os dias antes e depois do pleito e mostram que, naquela época, o dólar chegou a subir 70% (de 100 no início do ano para 170 no pico) em relação ao início do ano. As linhas mostram comportamentos parecidos da moeda diante das incertezas com o impacto da eleição na economia. A cinza é o dólar neste ano e a laranja, em 2002, corrigida pela inflação.

No caso atual, essa alta de 70%, considerando a cotação do dólar em janeiro deste ano, de R$ 3,31, levaria a moeda americana para R$ 5,60. “É um exercício de acordo com a situação passada, pode ser um pouco exagerada, mas podemos dizer que o ‘dólar Haddad’ seria em torno de R$ 5,00”, diz um gestor, que pediu para não ter seu nome citado. O gráfico mostra também que, depois da eleição, a moeda recua, com o presidente eleito amenizando o discurso radical de campanha.

Esse cenário considera a vitória do PT e de seu candidato “virtual”, Fernando Haddad, e que o partido mantenha o discurso contra o teto de gastos, o ajuste fiscal e a reforma da Previdência. Mas não há certeza de que esse cenário se confirmará. Na eleição de 2002, o partido mudou o discurso e divulgou a a Carta aos Brasileiros, que fez a moeda perder um pouco do ímpeto antes da eleição, como mostra o gráfico. Depois da eleição, com a indicação do ex-banqueiro do PSDB Henrique Meirelles para o comando do Banco Central, e a promessa de manutenção do tripé do Plano Real – equilíbrio fiscal, câmbio flutuante e metas de inflação – o mercado se acalmou e o dólar passou a cair.

Uma mudança desse tipo hoje, porém, é vista como mais difícil, diante do desgaste sofrido pela ex-presidente Dilma Rousseff na campanha de 2014. Ela se elegeu negando a necessidade de ajustes, mas ao assumir promoveu uma mudança radical na política econômica, colocando o ortodoxo Joaquim Levy no Ministério da Fazenda, que acabou com a Nova Matriz Econômica e fez a presidente perder apoio dentro do próprio partido.

Dólar Bolsonaro e Dólar Alckmin

O cenário com outro candidato que leve adiante as reformas é de menor pressão sobre o dólar, acredita o gestor. Assim, o “dólar Bolsonaro”, referência ao candidato do PSL que se apresenta como liberal, sob a tutela do economista Paulo Guedes, estaria em torno de R$ 3,90, diante das dúvidas de que ele seguirá a cartilha recomendada e que terá força para fazer as reformas. Já o “dólar Alckmin” estaria mais perto de R$ 3,60, diante da expectativa de que ele defenderá o ajuste fiscal e a reforma da Previdência e manterá uma menor intervenção do Estado na economia, levando adiante privatizações e profissionalização das empresas estatais.

Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.