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Quantos mais robôs, menor o desemprego. Por quê?

27 set 2020, 18:04 - atualizado em 25 set 2020, 20:11
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Dados da International Federation of Robotics revelam que o ritmo da automação industrial está acelerando em grande parte do mundo desenvolvido (Imagem: Pixabay)

Os países que tem mais robôs no mundo são também os de menor taxa de desemprego. Por quê? Pois exportam para o mundo todo e consegue manter todos seus trabalhadores ocupados com ótimos postos de trabalho!

Quando Marx escreveu o Capital, sua principal obra, no século XVIII, e analisou a composição orgânica do capital, mostrou claramente que uma das tendências do capitalismo era um contínuo processo de inovação tecnológica, com vários setores das atividades produtivas se tornando mais intensivos em capital, impactando na dinâmica do lucro e nas condições do mercado de trabalho e da vida dos trabalhadores.

Posteriormente, já no século XX, outro autor que ganhou notoriedade mostrando os impactos das inovações tecnológicas na economia foi Joseph Schumpeter, mostrando os efeitos da destruição criadora na dinâmica do capitalismo causados pelo constante processo de inovação.

A partir das geniais contribuições desses grandes autores, vários estudos surgiram debatendo os impactos que as inovações tecnológicas geram no mercado de trabalho. As controvérsias são enormes, como é comum na Ciência Econômica.

Por um lado, temos correntes defendendo que a inovação elimina postos de trabalho, gerando desemprego estrutural. Por outro lado, enquanto outras correntes mostram que a destruição de postos de trabalho com a inovação, também cria novas formas de trabalho, ou seja, é um processo de destruição criadora através da inovação, criando novas formas de empregos e dinamizando a economia capitalista.

Os Dados da International Federation of Robotics revelam que o ritmo da automação industrial está acelerando em grande parte do mundo desenvolvido com 74 robôs industriais instalados por 10.000 funcionários globalmente em 2016. em 2020, isso aumentou para 113 em todo o setor de manufatura. A Coreia do Sul lidera esse processo, como vemos na figura 1.

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Em 2019, a Coreia do Sul tinha 855 robôs industriais instalados por 10.000 funcionários (Imagem: Pixabay)

Em 2019, a Coreia do Sul tinha 855 robôs industriais instalados por 10.000 funcionários. Isso se deve principalmente à contínua instalação de robôs de alto volume nos setores de eletrônica e elétrica. A Alemanha e o Japão são famosos por suas indústrias automotivas e têm níveis de densidade de cerca de 350 por 10.000 trabalhadores.

Curiosamente, o Japão é um dos principais participantes da robótica industrial, respondendo por mais da metade da oferta global. Na verdade, mais uma vez, a Ásia ganha notoriedade, consolidando-se como a região mais dinâmica no mundo, isso porque a Ásia agora tem uma densidade de robôs de 118 unidades por 10.000 trabalhadores e esse número é de 114 e 103 na Europa e nas Américas, respectivamente. A China é um dos países que registra os maiores níveis de crescimento em automação industrial, mas em nenhum lugar tem uma densidade de robôs como a Coreia do Sul.

Ao mesmo tempo em que identificamos a Coreia do Sul, Japão, Alemanha, Estados Unidos, China, entre outros, como países que lideram esse processo de inovação/robotização, registram taxas de desemprego menores do que outros países, considerando os indicadores do mercado de trabalho de 2017. Outros países que não se configuram como mais intensivos em robóticas, apresentam taxas de desemprego mais elevadas. Isso coloca em questão: inovação destrói empregos e cria novos? É realmente uma destruição criadora? Temos uma maior dinâmica do PIB nesses países e maior geração de empregos? São questões para refletirmos.

Texto escrito por Paulo Gala e Uallace Moreira.

CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR
Graduado em Economia pela FEA/USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi professor visitante nas Universidades de Cambridge UK em 2004 e Columbia NY em 2005. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR.
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Graduado em Economia pela FEA/USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi professor visitante nas Universidades de Cambridge UK em 2004 e Columbia NY em 2005. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR.
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