Queda do dólar como reserva mundial foi 10 vezes maior em 2022; veja quais acordos ‘alternativos’ podem sair do papel
A dominância do dólar americano no sistema financeiro global está enfrentando uma onda de contestação, à medida que mais e mais países começam a rascunhar planos para impulsionar o uso de moedas alternativas em seus negócios.
O movimento que começou na Ásia, tendo nas relações de China e Rússia o seu principal fiador, encontrou apoio também no governo Lula. Os questionamentos desembarcaram até mesmo na Europa, com Emmanuel Macron alertando para a dependência do continente em relação à moeda americana.
Diante desse contexto, a Eurizon SLJ Asset Management fez um levantamento revelador sobre o declínio do dólar. Em 2022, a queda da moeda como reserva global de valor ocorreu a uma velocidade que é 10 vezes maior do que a observada ao longo das últimas duas décadas.
Segundo os estrategistas da Asset europeia, a fatia do dólar nas reservas globais caiu para 47%, de 55% em 2021. Em 2003, o peso da divisa dos EUA era de 75%.
No ano passado, o dólar dos EUA chegou a ser impulsionado pelo início do ciclo de juros, subindo 17%, ao se tornar mais atrativo para investidores estrangeiros em busca de maiores rendimentos. Porém, a sinalização de que o aperto será concluído em breve tirou o lustre da moeda.
Entre os acordos que pretendem driblar o dólar como moeda comum, estão:
- Proposta patrocinada por China e Rússia para a criação de uma nova moeda entre os BRICS;
- Emirados Árabes Unidos e Índia querem moeda indiana para acordos comerciais, com exceção de petróleo;
- Brasil e Argentina procuram viabilizar moeda comum no Mercosul;
- Rússia e Irã apoiam uma stablecoin lastreada em ouro;
- China e Malásia apoiam a criação de um fundo monetário asiático;
- China e Rússia apoiam negociação de petróleo em yuan/reinmibi.
China e Brasil driblam dólar para acordos bilaterais
A iniciativa firmada entre Pequim e Brasília busca um fortalecimento das relações sino-brasileiras, desviando-se do poderio da moeda dos Estados Unidos.
O anúncio ocorreu no fim de março, durante o Simpósio de Negócios China-Brasil, realizado em Pequim. O evento reuniu mais de 500 empresários de ambos os países, bem como autoridades nacionais.
O novo formato de comércio será viabilizado pela criação de uma Clearing House (Câmara de Compensação) a ser operada, no Brasil, pelo Banco Industrial e Comercial da China (ICBC, na sigla em inglês).
Como se trata de uma instituição financeira de grande estatura na China, o banco seria capaz de garantir aos empresários brasileiros a conversão imediata dos ganhos em moeda nacional – no caso, o real brasileiro. Isso ocorrerá toda vez que decidirem fechar novos negócios em renminbi (yuan chinês).
Fazendo alusão ao acordo, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o fortalecimento dos intercâmbios comerciais entre os países deve trazer mais bem-estar para as duas nações.