Quem paga mais impostos? Eis a nova ‘disputa’ entre Nubank e bancões
A briga entre o Nubank (NUBR33) e os bancos tradicionais, que vem de longa data, voltou a ganhar novos episódios nesta semana. Agora, a disputa não é mais para saber quem possui o maior valor de mercado na bolsa ou quem tem mais clientes, mas quem paga mais impostos.
Em post no LinkedIn, o CEO David Vélez afirma que, em 2025, o Nubank tem sido o maior pagador de imposto de renda entre as instituições financeiras brasileiras. Ele leva em consideração valores brutos e relativos (taxa efetiva).
“É um modelo nacional de eficiência em gestão, impacto social, gerenciamento de riscos e compliance, e segue formando profissionais e gerando inovação”, diz.
Em outro texto, o Nubank destaca que, sob pressão da Febraban, que reúne os grandes bancos, o Congresso quer aumentar os tributos pagos pelas fintechs.
A Medida Provisória (MP) 1303, retirada da pauta da Câmara e que perdeu a validade, previa, entre outros itens, o aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das fintechs.
“Apesar de a alíquota nominal desse tributo para as fintechs ser mais baixa que a dos bancos, é necessário analisar as taxas efetivas, ou seja, quanto cada instituição efetivamente paga em impostos. Nessa comparação, as fintechs já pagam mais que os bancos no Brasil.”
O Nubank complementa o argumento com informações extraídas das demonstrações financeiras das instituições, que mostram que o banco teve a maior alíquota efetiva em 2025 no Brasil, de 31%, acima de Santander (SANB11;9,6%), Itaú (ITUB4; 14,2%), Banco do Brasil (BBAS3; -40,7%) e Bradesco (BBDC4; 8,4%).
Além disso, a fintech afirma ter sido a instituição financeira que mais gerou arrecadação para o governo em IR e CSLL, totalizando R$ 8,22 bilhões — valor superior ao de Santander (R$ 2,68 bilhões), Bradesco (R$ 5,92 bilhões), Banco do Brasil (R$ 5,98 bilhões) e Itaú Brasil (R$ 6,8 bilhões).
Os dados são das demonstrações financeiras auditadas das instituições.
Bancos é que pagam mais impostos, diz Febraban
A Febraban apresenta uma versão diferente.
Segundo a entidade, enquanto os bancos recolhem 45% de CSLL, as fintechs arcam com 34% ou 40%, dependendo do tipo de operação. Além disso, teriam margem de lucro maior.
“Bancos e instituições financeiras não bancárias devem ter a mesma carga tributária. Ninguém deveria ultrapassar pelo acostamento, e hoje há áreas de escape para pagar menos imposto.”
Ainda segundo a federação, qualquer vantagem tributária — para bancos ou fintechs — é inaceitável, especialmente quando a atividade é a mesma, como meios de pagamento, crédito pessoal, cartões e operações digitais.
“Não é um detalhe: é uma distorção grave e que afeta a concorrência”, afirma a Febraban, em nota.
O estudo da entidade aponta que a alíquota efetiva média paga pelos bancos foi de 22,8% em 2024, próxima ao padrão regulatório. Entre fintechs, a média ficou em 26,5%.