R$ 2 bilhões em dívidas: 2W Ecobank tem plano de recuperação judicial homologado
A 2W Ecobank comunicou nesta terça-feira (17) que a 3ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central da Comarca de São Paulo homologou o plano de recuperação judicial da companhia e da sua subsidiária integral, 2W Comercializadora Varejista de Energia.
A decisão, tomada pela juíza Larissa Tunala, ocorreu mesmo sem consenso entre os credores, em uma operação conhecida como cram down — quando a homologação é imposta judicialmente, mesmo diante da rejeição do plano em assembleia.
O plano envolve a reestruturação de cerca de R$ 2 bilhões em dívidas. Na decisão, a juíza ressaltou que “alegações de inviabilidade genérica, deságio excessivo ou prazos de pagamento inadequados, assim como questionamentos sobre encargos financeiros, não se sustentam”.
No início da semana, a 2W já tinha avançado em outra frente de reorganização financeira. Na segunda-feira (15), a Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, a transferência do projeto eólico Anemus Wind para o BTG Pactual, como execução de garantia.
O parque, localizado no Rio Grande do Norte, tem capacidade de 138,6 megawatts e é controlado indiretamente pela 2W Ecobank por meio de suas subsidiárias Anemus Wind 1, 2 e 3.
Em negociações anteriores, a 2W já havia transferido o parque eólico Kairós I, de 120 megawatts, para a gestora norte-americana Darby, enquanto o Anemus passou a ser objeto de caução junto ao BTG e à Sumitomo. Os valores envolvidos nessas operações não foram divulgados.
Recuperação judicial da 2W Ecobank
A 2W Ecobank entrou com pedido de recuperação judicial em abril de 2025. Na ocasião, a companhia destacou que a crise financeiro-operacional resultava de uma expansão acelerada nos últimos anos, com investimentos expressivos em geração de energia eólica, que totalizaram R$ 2,2 bilhões.
Segundo a petição apresentada ao juízo, a execução dos projetos eólicos enfrentou atrasos significativos e aumento de custos, agravados pela insolvência da empreiteira Allonda e pela necessidade de renegociar contratos com fornecedores de aerogeradores e outros equipamentos.
Além disso, a 2W precisou adquirir energia no mercado spot a custos mais elevados para cumprir contratos, em meio a forte alta do preço de curto prazo (PLD), influenciada por mudanças nas condições hidrológicas.
No segmento de comercialização de energia, a companhia também enfrentou restrições da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), incluindo a rescisão unilateral de contratos e questões reputacionais, que impactaram sua liquidez.