Mercados

Radar do mercado: Pressão dos servidores vira risco para Ibovespa

06 jan 2022, 9:53 - atualizado em 06 jan 2022, 9:53
Ibovespa B3
(Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

A pressão de servidores por reajustes salariais vira risco “relevante” para o Ibovespa, que ainda tem a influência negativa do exterior, apontam analistas em relatórios de abertura de mercado nesta quinta-feira (6).

A categoria de auditores da Receita Federal, por exemplo, anuncio uma paralisação perto da virada do ano e aprovou a entrega de cargos como forma de pressionar o governo federal, após o Congresso autorizar em dezembro o reajuste para policiais.

Aumentos salariais do serviços público são vistos com cautela por analistas por conta do quadro histórico de fragilidade das contas públicas do país e da falta de reformas estruturais.

“O movimento pode levar ao agravamento do quadro de debilidade fiscal”, disse o BB Investimentos nesta quinta. Para o banco, seguem no radar a provável pressão política por mais gastos em um ano eleitoral e o receio de aumento de despesas provocadas por uma nova onda da pandemia.

“Espera-se que os ativos sigam sensíveis ao ambiente de cautela global, adicionando os temores em relação a resiliência inflacionária e debilidade no quadro fiscal local, com a curva de juros apresentando viés de alta e o dólar se valorizando frente ao real”, comenta.

Para o BB, o Ibovespa tende a seguir o viés de desvalorização apresentado na sessão anterior, “testando romper o importante suporte de 100 mil pontos”. “A tendência de baixa pode ser limitada pelo viés de valorização do petróleo e do minério de ferro”.

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Exterior não ajuda

A Genial Investimentos lembra que o ambiente é de cautela no exterior. Para a corretora, a ata do Fed divulgada na quarta confirmou uma postura significativamente mais dura do Banco Central americano no que diz respeito ao combate à inflação.

“Houve o reconhecimento de que a alta de preços se encontra bastante disseminada pela economia e deixou de se caracterizar este processo como transitório”, diz.

Para os analistas da casa, o destaque da ata foi a avaliação de alguns dirigentes de que seria apropriado começar a reduzir o balanço patrimonial do Fed logo após o aumento da taxa de juros, que deve ocorrer em março.

O movimento seria em resposta a uma significativa melhora dos indicadores de atividade e da maior alta de preços em 12 meses desde 1982.

“Embora observemos o forte avanço da variante Ômicron nos EUA, os indícios de que esta é menos severa que a variante Delta faz com que a inflação permaneça sendo a principal ameaça à economia do país”, comenta.

Na agenda

A XP Investimentos destaca que a quinta traz uma agenda cheia de indicadores econômicos locais e no exterior, como produção industrial e IGP-DI no Brasil, os pedidos semanais de auxílio-desemprego, as encomendas à indústria e a balança comercial nos EUA e a inflação ao consumidor da Alemanha.

Os mercados globais amanhecem mistos (EUA +0,1% e Europa -1,0%) com os futuros das bolsas de NY tentando ganhar fôlego e dando sequência a volatilidade catalisada pela ata do Federal Reserve.

Na China (-1,0%), o mercado encerrou em campo negativo, acompanhando a turbulência global. Na manhã desta quinta, o Ibovespa futuro subia 0,54%.

Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
kaype.abreu@moneytimes.com.br
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.