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Raízen e Wilmar decidem encerrar parceria em trading de açúcar

02 jul 2020, 16:24 - atualizado em 02 jul 2020, 16:24
Raízen
A Raízen desejava que a joint venture evoluísse em termos de oportunidades compartilhadas de investimentos, o que nunca aconteceu (Imagem: Facebook/Raízen)

A brasileira Raízen, maior produtora de açúcar do mundo, e a trading asiática de commodities Wilmar International decidiram encerrar a parceira que mantêm na joint venture RAW, que atua no mercado internacional da commodity, disseram quatro fontes familiarizadas com o assunto.

Joint venture 50-50, a RAW foi anunciada por ambas as empresas em 2016 como uma medida para combinar esforços da maior produtora de açúcar bruto com uma das maiores tradings do produto.

A dissolução da companhia, que buscava rivalizar com a líder de trading Alvean, joint venture entre Cargill e Copersucar, vai deixar o mercado mais fragmentado, com mais players podendo originar o açúcar da Raízen.

“A venture está sendo dissolvida, eles estão se separando”, disse um operador de commodities com base nos Estados Unidos.

Uma segunda fonte, do mercado europeu de açúcar, confirmou a separação, afirmando que as visões que as empresas compartilhavam em 2016 mudaram.

A fonte disse que a Raízen desejava que a joint venture evoluísse em termos de oportunidades compartilhadas de investimentos –o que nunca aconteceu, levando a companhia a explorar novas áreas sozinha.

Uma terceira fonte, no mercado de commodities dos EUA, disse que apesar do fim da joint venture, as duas empresas planejam continuar fazendo negócios. Mas a estrutura, com escritórios em São Paulo e na Europa, não existirá mais.

As fontes pediram para não ser identificadas, já que possuem negócios relacionados a ambas as companhias.

Procurada, a Raízen disse que não comentaria o assunto neste momento. A Wilmar não respondeu a pedidos por comentários.

A RAW se tornou um grande “player” do mercado global de açúcar quando foi formada.

Raízen Energia
Procurada, a Raízen disse que não comentaria o assunto neste momento (Imagem: Site da Raízen)

A empresa negociava toda a produção de açúcar de alta polarização (very high polarization, ou VHP, em inglês) da Raízen, que ultrapassa os 3 milhões de toneladas, além do volume originado pela própria Wilmar –o que levava a quantidade total a quase 4,5 milhões de toneladas, considerando apenas o açúcar do Brasil.

O fim da joint venture deve abrir oportunidades para outros “players”.

“Isso abre um pouco mais de espaço no mercado, porque a Wilmar não vai mais obter todo o seu açúcar com a Raízen, então é uma notícia muito importante”, disse um operador do mercado europeu de açúcar.

Nesta semana, o vencimento do contrato julho do açúcar bruto negociado na ICE chamou atenção do mercado pelo fato de a Raízen ser a maior responsável pelas entregas contra o vencimento, de quase 200 mil toneladas, enquanto a Wilmar foi vista como recebedora de parte desse volume.

Operadores começaram a questionar o motivo de as empresas utilizarem o sistema da bolsa para movimentar açúcar, uma vez que possuíam uma joint venture.

A Raízen é, ela própria, uma joint venture 50-50 entre a brasileira Cosan (CSAN3) e a Shell.

Além da atuação no ramo açucareiro, a Raízen é também a maior produtora de etanol do Brasil e está entre as três maiores distribuidoras de combustíveis do país, controlando os postos de bandeira Shell.

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