Raízen (RAIZ4): O gatilho que pode fazer as ações dispararem, segundo BTG

A Raízen (RAIZ4) volta a cair nas últimas sessões e negocia na mínima histórica. Desde 2021, quando abriu capital, a ação acumula tombo de 74%. No ano, o papel cai mais 14%, negociada a R$ 1,83.
Uma tempestade perfeita que abateu a companhia fez com que o mercado e os investidores ficassem céticos em relação à entrega de resultados, com a sua alta alavancagem prejudicada pela disparada dos juros, que pode chegar a 14,75% na próxima reunião do Banco Central.
- E MAIS: Ação brasileira da qual ‘os gringos gostam’ tem potencial para subir mais de 20% em breve; saiba o porquê
Mesmo assim, analistas ainda veem potencial no papel. Em relatório, o BTG afirma que “até mesmo uma leve melhora no fluxo de caixa livre (FCF) pode gerar valorização significativa das ações”.
A recomendação do banco é de compra, com preço-alvo de R$ 7, o que abre potencial da ação mais que duplicar.
No relatório, no entanto, os analistas dizem que essa melhora não se dará do dia para noite. Para eles, o foco dos investidores deve estar menos nos resultados do 4º trimestre e mais nas ações que serão tomadas em 2026 para reduzir a dívida.
“Melhorar a produtividade da cana, monetizar a plataforma de etanol de segunda geração e obter margens melhores no downstream será crucial para estabilizar a empresa. No entanto, uma redução mais rápida da dívida pode exigir mais do que apenas geração de caixa orgânica”, afirmam.
Eles afirmam ainda que se as estimativas se confirmarem, o Ebitda, que mede o resultado operacional, da Raízen, em 2025, será de R$ 12,4 bilhões — “uma rara queda anual desde a criação da companhia, cerca de 15 anos atrás”.
“Isso, após um ciclo expressivo de investimentos (capex) desde o IPO em 2021, ajuda a contextualizar o aumento da dívida da empresa”.
Eles dizem também que a alavancagem pode ter chegado a 2,7x no final de março (ou 4x, considerando antecipações de clientes e financiamento de fornecedores).
Prévia da Raízen
Na última quinta, a Raízen divulgou sua prévia operacional referente ao quarto trimestre da safra 2024/2025 (4T25).
A moagem de cana saiu de 1 milhão de toneladas no quarto trimestre da safra 2023/2024 para 700 mil toneladas, queda de 30%. A safra 24/25 encerrou com moagem de 78,3 milhões de toneladas, queda de 7% na comparação anual.
A produtora de etanol e açúcar de cana também informou que suas vendas de açúcar somaram 969 mil toneladas no 4T25, contra 1,936 milhão no 4T24, um recuo de 49,95%.
O BTG lembra que o 4º tri fiscal normalmente é menos representativo para dados operacionais de cana-de-açúcar do segmento upstream, pois já corresponde à entressafra.
Para o banco, os volumes comercializados de açúcar e etanol ficaram abaixo das previsões, já que a Raízen carregava estoques maiores do que o estimado.
- VEJA MAIS: Duas ações de commodities podem se destacar perante as demais, segundo BTG Pactual; veja quais são
“O ano também foi bastante afetado por clima seco e incêndios florestais, o que levou a empresa a obter rendimentos menores (79 TCH contra 87 em 2024) e limitou a capacidade da indústria de converter ATR em açúcar, resultando em um mix anual de 46% açúcar e 54% etanol”.
Por outro lado, diz, a produção de etanol de segunda geração (E2G) totalizou 9,1 milhões de litros no trimestre e 58,8 milhões no ano fiscal, “também um pouco abaixo do esperado após a nova planta entrar em operação”.