Recorde do IFIX mostra força dos FIIs, que ainda estão baratos, aponta especialista

O IFIX, principal índice da indústria de fundos imobiliários do mercado brasileiro, alcançou nesta segunda-feira (8) sua nova máxima histórica, de 3.509,36 pontos, reafirmando o bom momento dos FIIs na Bolsa de Valores.
Somente no acumulado dos últimos 30 dias, o indicador apresenta valorização de quase 3%, enquanto desde o início de 2025, o ganho ultrapassa os 12,5%.
IFIX: O que explica a alta?
Em entrevista ao Money Times, Marcio Rocha, sócio e head de real estate da WHG, afirmou que a performance reflete uma combinação de elementos ligados à composição do índice e ao perfil dos ativos que o compõem.
Segundo ele, o movimento foi impulsionado, entre outros motivos, pelo aumento da exposição a fundos de crédito e recebíveis (papel), que atualmente representam cerca de 37% do IFIX.
“Esses FIIs distribuem rendimentos mensais mais altos e estão atrelados à inflação e ao CDI, o que resulta em dividendos superiores aos ativos de tijolo. Esse é um dos principais fatores por trás do desempenho recente”, ressaltou.
Cenário macroeconômico
Além disso, Rocha também destacou que a indústria de fundos imobiliários têm forte correlação com o cenário macroeconômico e que, por isso, a trajetória dos juros futuros seguirá sendo determinante para o desempenho das cotas.
“Talvez o patamar mais elevado da Selic já esteja estabelecido, e olhando adiante, com expectativa de corte, estamos mais animados estruturalmente”, explicou.
Vale lembrar que, segundo o mais recente Boletim Focus, divulgado ontem (8) pelo Banco Central (BC), economistas e agentes de mercado projetam que a taxa básica encerre 2025 em 15%, enquanto para os três anos seguintes as expectativas são de 12,5%, 10,5% e 10%.
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Os FIIs ainda estão baratos?
Apesar da valorização recente, o especialista afirmou que muitos FIIs seguem sendo negociados com desconto, oferecendo oportunidades para os investidores, já que os cap rates (taxas de capitalização) implícitos, comparados às transações de ativos reais, ainda mostram uma diferença significativa.
Rocha alertou, no entanto, que alguns segmentos, como o de lajes corporativas, podem apresentar recuperação mais lenta devido à vacância, que vem caindo, mas de forma menos intensa que em setores como logística, limitando uma retomada mais forte.
De acordo com dados do BTG Pactual, os fundos imobiliários de escritórios registram retorno de 11,92% no acumulado de 2025, mas ainda são negociados com deságio: o P/VP médio é de 0,68, ou seja, 32% abaixo do valor patrimonial.
Segmento* | Part. IFIX | P/VPA atual | P/VPA 2024 | Retorno no mês | Retorno no ano |
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Nome | Total (%) | Média | Média | Média (%) | Média (%) |
Recebível | 37,52% | 0,85x | 0,84x | 0,43% | 12,18% |
Galpão Logístico | 15,54% | 0,80x | 0,74x | 1,63% | 36,39% |
Shopping Center | 12,92% | 0,73x | 0,69x | 0,73% | 17,87% |
Laje Corporativa | 7,52% | 0,68x | 0,66x | 0,87% | 11,92% |
Hedge Fund | 6,90% | 0,87x | 0,86x | 0,57% | 13,41% |
Renda Urbana | 6,37% | 0,91x | 0,84x | 0,84% | 13,92% |
Híbrido | 4,90% | 0,80x | 0,78x | 0,37% | 10,17% |
Fundo de Fundos | 3,42% | 0,84x | 0,87x | 1,09% | 10,50% |
Desenvolvimento | 1,76% | 0,81x | 0,85x | 0,46% | 4,57% |
Agronegócio | 1,60% | 0,74x | 0,65x | 1,83% | 26,98% |
Agência Bancária | 1,04% | 0,85x | 0,90x | -0,50% | 3,61% |
Hotel | 0,29% | 0,82x | 0,66x | -0,46% | 6,65% |
Outros | 0,24% | 1,11x | 1,16x | 0,22% | -4,79% |
Educacional | 0,00% | 0,84x | 0,75x | 1,05% | 21,47% |
Hospital | 0,00% | 0,84x | 0,78x | 2,60% | 19,02% |
Residencial | 0,00% | 0,58x | 0,53x | 3,26% | 19,55% |
*Fonte: Planilha de indicadores do BTG Pactual