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Recuperação da Americanas (AMER3): Os únicos que vão ganhar são os advogados, diz Verde Asset

06 fev 2023, 18:34 - atualizado em 06 fev 2023, 20:07
O anúncio das inconsistências, comunicada por Sergio Rial no último dia 11 de janeiro, provocou um colapso no preço das ações (Imagem: Bloomberg)

O Verde Asset, uma das maiores gestoras do Brasil, partiu para cima da Americanas (AMER3) e classificou o rombo de R$ 20 bilhões da empresa de “maior fraude da história corporativa do Brasil”, mostra a carta mensal de janeiro.

A gestora detém debêntures da Americanas, sendo que a primeira compra ocorreu em maio de 2020. O prejuízo para o fundo foi de 14 bps (pontos-base), o que limitou seus ganhos para 2,7% em janeiro.

O anúncio das inconsistências, comunicada por Sergio Rial no último dia 11 de janeiro, provocou um colapso no preço das ações, bonds e debêntures da Americanas, levando ao pedido de recuperação judicial poucos dias depois.

“Fomos vítimas de uma fraude. Há quanto tempo que esta fraude existe, quem foram os principais responsáveis e beneficiários, é assunto que será amplamente discutido e explorado no judiciário”, escreve.

Para os gestores, a recuperação judicial da companhia será um processo longo, ruidoso “ao fim do qual os únicos ganhadores serão os (inúmeros) advogados envolvidos”.

“Quanto mais tempo levar, menor a chance de alguma recuperação relevante para a companhia (e seus funcionários, fornecedores, credores e acionistas)”, discorrem.

Além disso, o Verde argumenta que beira “o inacreditável que somente 23 dias após o fato relevante que alguém da companhia, seja na área financeira, seja na alta gestão, tenha sido afastado”.

Na última sexta-feira (3), o conselho de administração da Americanas decidiu afastar os diretores estatutários.

O que a Verde fará?

A gestora diz que seguirá investindo em crédito, “com um portfólio bastante diversificado, apoiando boas companhias, em estruturas com boas garantias e retornos adequados”.

Além disso, a Verde, em conjunto com outros debenturistas, vai exercer seu dever fiduciário de preservar o melhor interesse dos cotistas.

“Quem investe em crédito sabe que este tipo de risco existe. O processo de diligência bem-feito deveria mitigá-lo, mas nunca é possível escapar totalmente do risco da fraude.”

Papel dos acionistas de referência na Americanas

Sobre os acionistas de referência da Americanas, Carlos Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles, o Verde diz que os três, “diante da escolha entre aportes para reparar um pedaço substancial da fraude, ou preservar sua reputação/legado, tem ficado silentes, mas claramente escolheram a opção financeira”.

Os credores querem uma injeção de capital de pelo menos R$ 15 bilhões, enquanto os investidores bilionários não ofereceram mais de R$ 6 bilhões.

No último domingo, o trio chegou ao Brasil para negociar diretamente com os bancos.

Segundo a Bloomberg, Sicupira assumiu as negociações para tentar chegar a uma solução negociada para a varejista brasileira.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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