Economia

Recuperação das receitas não compensa crescimento das despesas obrigatórias

28 nov 2017, 20:12 - atualizado em 28 nov 2017, 20:12

O início da recuperação das receitas federais não compensa o crescimento dos gastos obrigatórios, principalmente da Previdência Social, disse hoje (28) a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi. Ao comentar o superávit primário (economia para pagar os juros da dívida pública) de R$ 5,191 bilhões registrado em outubro, ela disse que o engessamento do espaço fiscal cada vez mais compromete os recursos da União.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Há sim, uma tendência de recuperação da arrecadação, que apresenta ganho real [acima da inflação] se for excluído o efeito da repatriação [que reforçou o caixa do governo em R$ 45,1 bilhões em outubro do ano passado] para entender o efeito da arrecadação mais recorrente”, disse Ana Paula Vescovi. “O problema é que o Orçamento está cada vez mais engessado, o que justifica a emergência das reformas que temos citado no campo das despesas obrigatórias.”

De acordo com a secretária, as despesas discricionárias (não obrigatórias) sujeitas ao teto de gastos devem fechar o ano em R$ 125 bilhões, o que representa um retorno dos gastos aos níveis de 2009 em valores corrigidos pela inflação. “Isso acontece porque as despesas obrigatórias estão crescendo e consumindo mais recursos do Orçamento”, explicou.

Repatriação

De janeiro a outubro, as receitas líquidas caíram 3,2%, descontada a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A estatística, no entanto, foi influenciada pela regularização de ativos no exterior, também conhecida como repatriação. Sem os R$ 45,1 bilhões da repatriação que entraram nos cofres federais em outubro do ano passado e não entraram este ano, a arrecadação no acumulado de 12 meses, informou o Tesouro, teria subido 1,7% acima do IPCA.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

As despesas totais nos dez primeiros meses do ano, no entanto, cresceram 1% acima do IPCA. A alta foi puxada pela Previdência Social e pelo funcionalismo público. Os gastos com os benefícios da Previdência Social subiram 7% acima da inflação, por causa do aumento do valor dos benefícios e do número de beneficiários. Por causa de acordos salariais fechados nos dois últimos anos e da antecipação dos precatórios, os gastos com o funcionalismo acumulam alta de 9,7% acima do IPCA de janeiro a setembro.

Recuos

As demais despesas obrigatórias acumulam queda de 5,8%, também descontada a inflação oficial. O recuo é puxado pela reoneração da folha de pagamento, que diminuiu em 23,5% a compensação paga pelo Tesouro Nacional à Previdência Social, e pela queda de 24,4% no pagamento de subsídios e subvenções. Também contribuiu para a redução o não pagamento de créditos extraordinários do Orçamento ocorridos no ano passado, que não se repetiram este ano, como a ajuda emergencial para a realização dos Jogos Olímpicos do Rio.

As despesas de custeio (manutenção da máquina pública) acumulam queda de 8% em 2017, descontado o IPCA. A redução de gastos, no entanto, concentra-se nos investimentos, que totalizam R$ 28,401 bilhões e caíram 33,5% de janeiro a outubro, em valores também corrigidos pela inflação.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Principal programa federal de investimentos, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) gastou R$ 17,768 bilhões de janeiro a outubro, redução de 40,9%. O Programa Minha Casa, Minha Vida executou R$ 2,109 bilhões, retração de 61,4% na comparação com o mesmo período do ano passado. Essas variações descontam a inflação oficial.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Compartilhar

WhatsAppTwitterLinkedinFacebookTelegram
agencia.brasil@moneytimes.com.br
Leia mais sobre:
As melhores ideias de investimento

Receba gratuitamente as recomendações da equipe de análise do BTG Pactual – toda semana, com curadoria do Money Picks

OBS: Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar