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Recuperação judicial: O que explica o aumento de casos entre as empresas?

17 nov 2023, 16:50 - atualizado em 17 nov 2023, 16:50
Recuperação judicial
2023 teve elevado número de pedidos de recuperação judicial (Imagem: Getty Images/Canva Pro)

O ano de 2023 foi marcado por grandes empresas entrando em recuperação judicial, com destaque para Americanas (AMER3), que, logo no início do ano, divulgou rombo bilionário, colocando-a em uma extensa lista de companhias que vêm enfrentando problemas.

De acordo com dados do Serasa Experian, o terceiro trimestre do ano contou com uma explosão no número de pedidos de recuperação judicial. Cerca de 40% dos pedidos no ano ocorreram entre julho e setembro.

Apenas em setembro foram registrados 136, um aumento de 94,3% em relação ao mesmo período em 2022. Um número tão elevado não era visto desde agosto de 2019.

Já dados da RGF Consultoria apontam que 3.872 companhias encerraram o terceiro trimestre de 2023 em recuperação judicial, aumento de 1,3% em comparação ao registrado no trimestre anterior, de 3.823.

Entre os nomes que compõem a lista de companhias que encararam o declínio neste ano estão, além da Americanas123Milhas, Saraiva, Oi, Light e Grupo Petrópolis.

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Recuperação judicial: o que explica a alta?

Cássio Cavalli, professor da FGV Direito SP, pontua que, apesar do aumento relativo no número de casos evidenciados pelos dados comparativos com o ano anterior, não se trata de um aumento tão expressivo pensando em números absolutos.

“O que ocorreu mesmo foi que, durante a pandemia, com a injeção de recursos e subsídios governamentais, as empresas rolaram suas dívidas e isso levou a uma diminuição do número de casos. E no ano passado chegamos em um mínimo histórico de casos por mês”, explica.

Dessa forma, Cavalli avalia que houve, sim, o aumento, mas que, o volume total de pedidos está distante de uma alta muito expressiva como se observou na crise em 2014. Para ele, o que aconteceu foi que muitas empresas tinham rodado dívidas durante a pandemia que começaram a vencer neste ano; contudo, sem caixa para isso, teriam de recorrer a renegociações.

No entanto, diante de uma Selic que permaneceu no patamar dos 13,75% por um período significativo, empresas, especialmente de médio porte, tiveram que recorrer a renegociação judicial para lidar com a dívida. Neste cenário, a expectativa é de que o aumento dos números continue, com impactos ainda das medidas tomadas da pandemia e dos juros.

Já no caso de grandes nomes que estamparam manchetes dos jornais, Cavalli pontua que se trataram de casos mais específicos, sem necessariamente existir um fator comum que levou aos pedidos de recuperação de Americanas, 123Milhas e Light.

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
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