Renda fixa: Diversificação é essencial em cenário de juros altos e incertezas, dizem gestores

A combinação de juros elevados, inflação persistente e riscos geopolíticos tem reforçado o papel da diversificação nas estratégias de renda fixa.
A avalição foi feita durante um painel sobre o tema realizado nesta quinta-feira (26), no Global Managers Conference 2025, promovido pelo BTG Pactual Asset Management.
O debate contou com a presença de Brett Collins, diretor-executivo e gestor da NCRAM, e Roberto Bosch, especialista de portfólio para a América do Norte.
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Segundo Bosch, embora o receio global tenha diminuído, a alta dos preços segue sendo um fator imprevisível. “A guerra comercial trouxe incertezas, mas o grande coringa ainda é a inflação”, afirmou.
Apesar disso, para ele, a chave para atravessar o atual cenário é a diversificação, tanto geográfica quanto setorial. “Se você não tem certeza, diversifique.”
Brasil, o país da renda fixa
O especialista reconheceu que os juros elevados no Brasil — hoje em 15% ao ano — tornam o investimento local bastante atrativo, especialmente em títulos públicos de menor risco.
“Eu entendo por que vocês querem ficar aqui, porque taxa de 14%, 15% é interessante e sem risco, mas a diversificação é a chave. E, uma vez que se decide investir no exterior, é preciso pensar como um investidor local”, pontuou.
Bosch também destacou que, nos Estados Unidos, existem setores mais resilientes à possível desaceleração econômica que podem oferecer boas oportunidades aos investidores.
Recessão?
Já Brett Collins acrescentou uma visão mais otimista sobre o cenário norte-americano. Para ele, o risco de uma recessão severa nos EUA é baixo.
“É mais provável uma desaceleração suave. Em alguns setores e indústrias, como o de inteligência artificial, podemos até ver crescimento”, avaliou.
‘Trump é um showman’
O gestor também comentou os impactos políticos e comerciais sobre a economia, especialmente sob a nova gestão de Donald Trump.
“Trump é um showman [animador], e a mídia o leva muito ao pé da letra. Eu entendo que é preciso levá-lo a sério, mas não literalmente. Ele fala em construir muros, mas isso não significa que vá realmente fazer”, disse.
Sobre o impacto das tarifas, Collins ponderou que elas tendem a gerar repasse de custos aos consumidores, com potencial efeito inflacionário. Ainda assim, acredita que isso não será suficiente para empurrar a economia americana para uma recessão profunda.
Na renda fixa, ele vê o momento atual como oportuno. “Os rendimentos estão mais altos e o crescimento mais lento cria um ambiente ideal para crédito”, afirmou.
O gestor também defendeu atenção redobrada a setores mais sensíveis, como o de produtos ao consumidor, mas vê oportunidades em meio à volatilidade. “O pânico em determinados segmentos, como o varejo, pode abrir portas interessantes de investimentos.”
Assim como Roberto Bosch, Collins reforçou a importância de olhar além das fronteiras. “A diversificação se paga no longo prazo, principalmente em um cenário com juros altos, inflação e incerteza política.”