AgroTimes

Retomada das exportações à China implica em alta do boi gordo e carne bovina no Brasil, vê Rabobank

24 mar 2023, 13:32 - atualizado em 24 mar 2023, 13:32
Indicador do boi gordo do Cepea avança 6,03% de quarta para quinta com o fim do embargo; momento é de recuperação da demanda (Imagem: Reprodução/Embrapa)

Em conversa com o Agro Times, Wagner Yanaguizawa, analista econômico de proteína animal no Rabobank falou sobre o fim do embargo nas exportações de carne bovina à China, que terminou ontem (23), logo quando completava 1 mês.

Segundo o analista, nessa quinta-feira, um cenário de alta nos preços já pôde ser visto, por conta do aumento das negociações e um maior ânimo do mercado. Em função dessas fatores, o preço do boi gordo Cepea/Esalq, que estava em R$ 276,25 na quarta-feira (22), passou para R$ 292,90 ontem (23), um avanço de 6,03%, próximo aos patamares de R$ 295 – R$ 299 do período pré-suspensão.

“Esse cenário de recuperação de preços já era algo esperado pelo mercado, isso porque, do lado da oferta, nós temos um acúmulo de animais prontos para serem vendidos para China, à espera dessa retomada. A indústria estava fora do mercado, para evitar o acúmulo nos estoques, como aconteceu em algumas regiões em 2021. Essa retomada nos valores está em linha, basicamente, porque as negociações ganharam mais força e o Boi-China é o mais caro no mercado hoje, o que explica essa recuperação um pouco mais forte”, explica.

Para Yanaguizawa, o momento de retomada permite com que os exportadores entendam o cenários dos estoques chineses, assim como o apetite desses importadores. Na visão dele, devemos ter um salto de exportações para China.

Deve ocorrer um efeito compensatório desse período embargado, muito porque os estoques da China estavam atrelados aos preços do fim do ano passado, quando os patamares eram maiores, com isso, existe essa demanda dos importadores para comprar carne mais barata hoje e diluir esses preços dos estoques para não impactar muito as margens, o que explica essa recuperação de preços do boi gordo”, comenta.

Mercado doméstico

Tradicionalmente, o primeiro trimestre do ano costuma ser o pior em termos de demanda, tanto no mercado interno quanto para as exportações. Isso porque a China geralmente sai do mercado a partir da metade de dezembro, quando eles fazem as suas compras para o feriado do ano novo chinês.

No Brasil, as compras caem no período devido ao período pós-festa de fim de ano e o início das férias escolares. A partir do período pós-carnaval, tanto para o cenário doméstico, quanto para exportações, acontece esse movimento de recuperação de preços.

Para o analista, o descarte de fêmeas é um ponto de atenção na questão da oferta, já que estamos em um momento de transição da época das águas para épocas das secas.

“Nesse período, os criadores costumam elevar o descarte de fêmeas menos produtivas, isso porque o preço do bezerro continua assumindo uma tendência de queda, e tem espaço para cair mais. Essa é a estratégia que eles fazem para reduzir custos de produção e não impactar muito as margens da cria, um fundamento de aumento de oferta que pressiona negativamente os preços, então é um ponto de atenção no mercado doméstico”.

No acumulado de 2023, de todo volume de carne bovina brasileira exportada, 52% teve a China como destino, mesmo com um 1 mês de embargo. No ano passado, esse número ficou em 55%. 

Na visão de Yanaguizawa, o mercado interno terá uma recuperação de preços, já que o aumento do boi gordo, terá reflexo para o consumidor final.

“Sabemos que os repasses acontecem de forma mais rápida do que as quedas, já que o varejo tenta ao máximo explorar o poder de compra do consumidor para maximizar as margens, então, devemos ver um cenário de maior limitação em termos de queda de preços por conta da recuperação do boi gordo que deve impactar o consumidor final”, analisa.

Vale lembrar que o mercado doméstico responde por 70% da demanda brasileira pela carne bovina, mesmo com o Brasil sendo o maior exportador da proteína no mundo.

Novas plantas de frigoríficos

Além do fim do embargo, a China anunciou a habilitação de 4 novos plantas brasileiras. Na visão do analista, a aprovação acompanha o cenário de alta no consumo doméstico da China, e serve como estratégia comercial do país asiático em busca de melhores preços de importação, algo que precisa ser visto com atenção pelo Brasil no médio-longo prazo. Segundo ele, existem novas plantas que estão aguardando para serem aprovadas

“Com a entrada de novas plantas, a competividade no mercado interno cresce, com a China sendo cliente favorito dos exportadores, já que esse é mercado que melhor paga o Brasil hoje. A abertura de novas áreas de rebanho na China está muito limitada, mas a demanda no país segue crescendo, dessa forma, não há outra alterativa a não ser buscar o mercado externo. Com isso, o Brasil, que já é o maior exportador, deve continuar se consolidando no curto-médio prazo, e isso significa mais oportunidade em termos de demanda”, diz.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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