Dívida Pública

Risco de calote dos EUA já é 50% maior que o da Microsoft e 145% que o da Apple

17 maio 2023, 19:08 - atualizado em 17 maio 2023, 19:08
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Contagem regressiva: calote dos EUA pode ocorrer entre junho e agosto, segundo especialistas (Imagem: REUTERS/Sarah Silbiger)

O risco de calote da dívida pública dos EUA já supera, em muito, o de três gigantes da tecnologia: Apple, Microsoft e Google. É o que mostra a comparação dos CDS’s (Credit Default Swaps) atrelados às dívidas do governo americano e das empresas.

Segundo levantamento da gestora WHG, pouco antes da hora do almoço desta quarta-feira (17), os CDS’s atrelados aos Treasuries americanos de 5 anos eram negociados por 67,33 pontos-base (cada ponto-base corresponde a 0,01%).

No mesmo instante, a Microsoft era a que mais se “aproximava” desse patamar – e com muitas aspas no “aproximava”. O CDS atrelado os bonds de 5 anos da companhia eram cotados a 44,79 pontos-base. Assim, o risco que o mercado percebe de calote da dívida americano é 50% maior que o da criadora do Windows.

Na intermediária, estava o Google, cujo CDS era negociado por 41 pontos-base. Bem mais distante, a Apple fechava a fila, com um spread de 27,49 pontos-base. Assim, o mercado embute um risco 145% maior de o governo Joe Biden se tornar inadimplente, que a empresa fundada por Steve Jobs.

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A situação não é trivial por alguns motivos. O primeiro é que, em condições normais, o risco de inadimplência de um país é menor que o das empresas que operam nele. Não é à toa que os empresários brasileiros sentem calafrios, sempre que cresce o risco de calote da União – afinal, quando o risco-Brasil sobe, arrasta junto o rating de todas as empresas privadas, encarecendo a captação de novos recursos e a renegociação de antigas dívidas.

Além disso, os Treasuries dos Estados Unidos são tidos, pelo mercado, como os investimentos de menor risco do mundo. Investidores de diversas bandeiras utilizam os spreads pelos quais esses papéis são negociados como referência para compor o preço de diversas classes de ativos locais e globais.

Calote dos EUA tem até data; entenda

calote dos EUA nos investidores está próximo, com o governo descumprindo suas obrigações de pagamento entre o início de junho e o início de agosto. Portanto, isso pode acontecer caso não haja um aumento no limite da dívida federal, disse o instituto de pesquisa Bipartisan Policy Center no início de maio.

Consequentemente, o instituto sinaliza a pressão de uma queda na receita tributária dos EUA. O período inicial da mais recente estimativa do instituto centrista para o chamado “dia X” alinha-se ao da secretária do Tesouro dos EUA. Janet Yellen alertou, também no começo deste mês, que uma inadimplência pode ocorrer já em 1º de junho.

O Bipartisan Policy Center (BPC) estimou em fevereiro que a data X poderia ocorrer entre o verão e o início do outono nos Estados Unidos. Mas agora vê um calote muito mais cedo se o Congresso não conseguir aumentar o limite de empréstimo de 31,4 trilhões de dólares.

“As próximas semanas são críticas para avaliar a força dos fluxos de caixa do governo”, disse Shai Akabas, diretor de política econômica do BPC. “Se uma solução não for alcançada antes de junho, os formuladores de política monetária podem ficar jogando roleta russa diariamente com toda a fé e crédito dos Estados Unidos, arriscando um desastre financeiro para seus constituintes e para o país.”

“Melhor rezar”, diz gestor americano

Um default da dívida pública dos Estados Unidos ameaçaria “uma âncora básica” do sistema financeiro global e “não pode acontecer”, alertou o vice-presidente da BlackRock, Philipp Hildebrand.

“Tudo o que podemos fazer é rezar para que todos nos EUA entendam o quão importante é a santidade da garantia soberana da principal moeda, do principal mercado de títulos, da principal economia do mundo”, disse Hildebrand durante entrevista no palco da conferência Bloomberg New Economy Gateway Europe, perto de Dublin. “Isso não é algo com o qual você queira brincar,” acrescentou o ex-presidente do banco central suíço.

Com informações da Reuters e Bloomberg.

Márcio Juliboni é diretor de redação do Money Times, onde ingressou em 2019. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.

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Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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