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Rodolfo Amstalden: Sobre o montinho crescendo embaixo do tapete universal

15 out 2020, 11:47 - atualizado em 15 out 2020, 11:47
Rodolfo Amstalden
“Entre desordem & progresso e ordem & regresso, eu fico com a primeira combinação”, diz o colunista (Imagem: Murilo Constantino/Empiricus)

Como o mundo que habitamos se tornou aquilo que é hoje?

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Empresas com boas ideias (ok, algumas com péssimas ideias) conseguem abrir capital e financiar seus planos a um custo módico, por meio da Bolsa.

Em troca, acionistas que acreditam na estratégia dessas empresas ganham junto caso elas tenham sucesso, e perdem junto caso elas fracassem.

Justo, não?

Há uma ordem nas coisas. E transparece certa beleza estética através dessa ordem.

Sinceramente, não estou preocupado com as causas que nos levaram a ser o que somos.

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Até porque, para uma série de eventos químicos e biológicos caprichosamente encadeados, não houve causa alguma, apenas chance, co-incidência molecular ou genética.

Mas, mesmo nos entrelaçamentos puramente randômicos, uma enorme energia foi despendida pela natureza para chegar até onde chegamos. Sobre isso não há dúvidas.

O home broker no qual você faz login, clica em compra/venda e baixa notas de corretagem para calcular DARFs foi assim configurado devido a uma corajosa conversão energética, contra tudo e contra todos.

O empenho de tamanha energia reduziu o nível de entropia em uma determinada esquina do universo (no caso, a sua esquina) e aumentou mais do que proporcionalmente o total de entropia no restante do universo.

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É o que diz a segunda lei da termodinâmica.

Quanto mais ordenado e determinístico se tornar o ecossistema com o qual interagimos, mais ricos nos tornamos.

Como consequência natural, maior o grau de desordem imposto ao universo como um todo.

Para progredir, vamos jogando desordem para baixo do tapete universal.

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Diante desse princípio inequívoco, os utilitaristas podem vir a argumentar que o tapete é grande demais (93 bilhões de anos-luz de diâmetro) para que isso represente um obstáculo prático à nossa capacidade de enriquecer.

Ou seja, o Sol pararia de brilhar muito antes de atingirmos um limite de entropia ao progresso humano.

Pode ser, mas não é esse o ponto mais interessante da história.

O ponto mais interessante é que parece existir um trade-off natural aí, entre riqueza e previsibilidade. Para ficar rico, você tem que abrir mão de algum grau de previsibilidade.

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Ironicamente, queremos enriquecer em busca de segurança adicional para nós mesmos e nossas famílias, mas temos que abrir mão de segurança para poder enriquecer.

E isso vale também coletivamente.

Uma bandeira nacional pode até sonhar com ordem & progresso, mas a bandeira universal não consegue alimentar esse sonho. Para o universo, a lei entrópica é de desordem & progresso.

Inserida no teatro universal, desconfio que a realidade histórica brasileira também seja essa, de desordem & progresso, mas não ficaria tão bonito na bandeira.

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De qualquer forma, entre desordem & progresso e ordem & regresso, eu fico com a primeira combinação.

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Sócio-fundador da Empiricus
Sócio-fundador da Empiricus, é bacharel em Economia pela FEA-USP, em Jornalismo pela Cásper Líbero e mestre em Finanças pela FGV-EESP. É autor da newsletter Viva de Renda.
rodolfo.amstalden@moneytimes.com.br
Sócio-fundador da Empiricus, é bacharel em Economia pela FEA-USP, em Jornalismo pela Cásper Líbero e mestre em Finanças pela FGV-EESP. É autor da newsletter Viva de Renda.