Rumo (RAIL3) inverte sinal e cai 1% após anúncio de dividendos bilionários; é hora de comprar as ações?

As ações da Rumo (RAIL3) operaram entre as maiores altas do Ibovespa (IBOV) nas primeiras horas de negociações nesta quinta-feira (12). Por volta de 12h (horário de Brasília), RAIL3 registrava avanço 1,04%, a R$ 19,43, após leilão por oscilação máxima permitida na B3.
Os papéis perderam força ao longo do pregão e encerraram o pregão com queda de 0,99%, a R$ 19,04.
O motivo por trás da volatilidade é o anúncio de dividendos extraordinários. A companhia pagará R$ 1,5 bilhão em dividendos — sendo R$ 0,81 por ação.
O valor será pago em 25 de junho e distribuído para os acionistas que estiverem na base acionária até a próxima segunda-feira (16). A partir de 17 de junho, a ação será negociada ex-dividendos.
Surpresa positiva
Para a XP, o anúncio de dividendos pela Rumo é positivo e já vinha sendo considerado uma “alternativa viável” de alocação de capital.
“Essa distribuição é particularmente relevante, representando um aumento significativo em relação aos cerca de R$ 350 milhões distribuídos nos últimos 10 anos”, afirmaram os analistas Pedro Bruno, Matheus Sant’anna e João Ramiro.
Na visão deles, o anúncio reforça a confiança da companhia nos resultados futuros, após um início de ano “desafiador”, com melhorias relevantes recentes nas previsões de produção de grãos, na precificação logística e no desempenho de custos no primeiro trimestre (1T25).
Na mesma linha, o BTG Pactual considera que o dividendo atual sinaliza uma nova fase de equilíbrio entre crescimento e retorno ao acionista, “fortalecendo a atratividade da ação em um momento de valuation descontado”.
O Goldman Sachs destaca que a distribuição de dividendos não deve impactar a alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, da Rumo. “O valor total representa um aumento na alavancagem de apenas 0,2 vezes dívida líquida/Ebitda, enquanto a empresa apresentava uma confortável alavancagem de 1,6 vezes dívida líquida/Ebitda no 1T25”, escreveram Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Martins, em relatório.
Já o Bradesco BBI espera impactos na geração de caixa da companhia. “Acreditamos que, embora a Rumo reporte melhora significativa nos resultados em 2025, à luz da orientação de investimentos de R$ 5,8 bilhões a R$ 6,5 bilhões e nossa estimativa de pagamento de juros de R$ 3,2 bilhões, a geração de caixa pode ser prejudicada este ano”, afirmaram André Ferreira e José Ricardo Rosalen.
Eles ainda destacam que o pagamento de dividendo pode reduzir “um pouco” a flexibilidade para a empresa, já que a empresa tem a fase 1 do projeto do Rio Verde para concluir em 2026 além das fases 2 e 3 que podem demandar aproximadamente R$ 10 bilhões em investimentos.
E a Cosan?
Para os analistas do Goldman Sachs, a notícia também é positiva para a Cosan (CSAN3), que é a controladora da Rumo. “No entanto, acreditamos que isso, por si só, não seria suficiente para elevar o índice de cobertura de juros da Cosan a níveis saudáveis”.
O Bradesco BBI calcula que a companhia deve receber R$ 450 milhões em dividendos — “o que deve ajudar o índice de cobertura de juros a se manter acima de 1x até o final do ano”, afirmaram os analistas Vicente Falanga e Ricardo França.
Já o BTG Pactual destacou que a distribuição de dividendos da Rumo “levanta a dúvida se não seria também um suporte à controladora Cosan em seu processo de desalavancagem”, apesar de ser uma resposta às críticas sobre ausência de retorno ao acionista.
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É hora de comprar Rumo?
Na avaliação do BTG Pactual, a Rumo negocia a múltiplos baixos e tem ficado atrás de outros nomes. RAIL3 acumula alta de 9,50% de janeiro até agora.
“O fraco desempenho operacional no 1T25 e os altos investimentos explicam parte da performance. No entanto, os dados de maio mostraram melhora nos preços e volumes de frete, o que pode ajudar na reprecificação”, afirmaram os analistas.
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O banco reiterou a recomendação de compra com preço-alvo de R$ 25 , o que representa um potencial de valorização de 30% sobre o preço de fechamento anterior.
A XP também manteve a classificação de compra para RAIL e tem preço-alvo de R$ 28, o que implica em um potencial de alta de 45,6% sobre o preço da última quarta-feira (11).
Já o Goldman Sachs tem recomendação neutra para os papéis, com preço-alvo de R$ 21, o que representa uma valorização de 9,2% nos próximos 12 meses.