Safra aposta em Copasa (CSMG3): Privatização e cenário positivo podem levar ações a saltar 80%

O Safra avalia que o momento segue positivo para a Copasa (CSMG3), companhia estadual de saneamento de Minas Gerais, com a privatização no radar do mercado.
Segundo relatório do banco, conforme a PEC 24/2023 avança na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, os investidores tendem a precificar gradualmente o cenário de privatização, o que deve sustentar o impulso das ações. No acumulado de 2025, os papéis da Copasa sobem 76%, ante alta de 20% do Ibovespa.
“Considerando os benefícios da nova proposta de revisão tarifária e as medidas de eficiência que a empresa já estuda, as estimativas para a Copasa provavelmente serão revisadas para cima”, afirmam os analistas do banco.
O Safra ressalta ainda que, além da proposta de privatização, as discussões sobre aprimoramento regulatório também têm alimentado expectativas positivas e podem melhorar as condições para uma eventual venda.
Entre os pontos destacados está a revisão tarifária, que prevê uma taxa de retorno regulatória (WACC) pós-impostos de 9,4%, o reconhecimento anual dos investimentos (capex) e uma nova metodologia para custos operacionais — medidas que, segundo o banco, devem aumentar a geração de caixa e melhorar as perspectivas para a companhia.
A Assembleia mineira também analisa um projeto de lei que cria blocos regionais de concessão dos serviços de água. “Agrupar áreas de concessão pode ser interessante caso o governo decida estender os contratos e incluir novas diretrizes regulatórias”, aponta o relatório.
Copasa: PEC da privatização
A PEC 24/2023 propõe eliminar a exigência de referendo popular em casos de privatização da Copasa. O governador Romeu Zema, defensor de privatizações, enfrentava uma barreira constitucional, já que a legislação mineira exigia consulta pública para a venda do controle de estatais — o que tornava o avanço do tema improvável.
Contudo, diante da fragilidade fiscal do estado, a proposta ganhou força política. No fim de 2024, o governo reformulou o texto da PEC, restringindo-o à privatização das empresas de saneamento, setor que reúne maior apoio à desestatização.
Novo Marco Regulatório
O Safra também destaca que o novo marco regulatório do saneamento cria condições mais vantajosas para a Copasa em relação a outras empresas de serviços públicos.
Entre os principais pontos estão um WACC mais elevado — que amplia o retorno sobre o capital investido —, o reconhecimento anual dos investimentos e uma estrutura de custos calculada por unidade de serviço, o que torna a operação mais previsível e eficiente.
Esses fatores, segundo o banco, podem sustentar múltiplos de negociação mais altos em caso de privatização. As estimativas indicam que a base de ativos regulatórios (RAB) pode atingir R$ 17,6 bilhões até o fim de 2026, enquanto o custo operacional (opex) deve somar R$ 5,3 bilhões.
Com base nesse cenário, o Safra projeta que as ações da Copasa podem chegar a R$ 65, o que representaria uma valorização de cerca de 80%, comparado com o preço desta terça-feira (21), dependendo da manutenção das regras atuais e do desempenho operacional frente às metas regulatórias.