Transporte para lucros? Setor esquecido guarda barganhas com potencial de até 80%, vê Safra

Longe dos holofotes de setores mais populares da bolsa, como minério de ferro, petróleo ou bancos, logística e transportes guardam algumas barganhas — pelo menos na visão do Safra.
Em relatório, os analistas Luiz Peçanha e Arthur Godoy atualizaram preços-alvo e recomendações para as companhias do setor.
Segundo eles, as novas projeções refletem os resultados mais recentes e revisões na análise macroeconômica.
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“Um destaque importante dessa atualização é a mudança em nossa perspectiva para o setor, que agora reflete um otimismo mais seletivo”, escreveram.
Embora os analistas mantenham uma visão construtiva no longo prazo, preferem adotar cautela em alguns nomes diante dos persistentes desafios macroeconômicos.
Com a Selic a 15%, empresas mais endividadas seguem pressionadas.
Ainda assim, algumas ações podem disparar até 80%. Veja a seguir:
Empresa | Ticker | Recomendação | Preço-Alvo | Upside* |
---|---|---|---|---|
Localiza | RENT3 | Compra | R$ 53,20 | 42% |
Movida | MOVI3 | Neutro | R$ 8,40 | 8% |
Vamos | VAMO3 | Compra | R$ 7,30 | 79% |
Rumo | RAIL3 | Compra | R$ 21,80 | 49% |
Motiva | MOTV3 | Compra | R$ 18,80 | 27% |
Ecorodovias | ECOR3 | Neutro | R$ 9,50 | 16% |
JSL | JSLG3 | Compra | R$ 10,80 | 70% |
Simpar | SIMH3 | Neutro | R$ 7,40 | 28% |
*fechamento do dia 08 de setembro
Vamos: maior potencial
Entre as ações com maior potencial de valorização está a Vamos.
Com preço-alvo de R$ 7,30, o que representa alta de 79% em relação ao último fechamento, a companhia negocia com desconto de 55% em relação à média dos últimos cinco anos.
Mesmo assim, o Safra cortou algumas projeções:
- Receita de aluguel: revisão de 3%, refletindo maior volume de reintegrações de posse de ativos no segundo trimestre;
- Ebitda 2025: queda de 4,5%;
- Lucro líquido 2025: redução de 22,6%, para R$ 354 milhões, ligeiramente abaixo do guidance da companhia.
Além disso, os analistas adotaram visão mais conservadora para o capex, com corte médio de 23% ao longo dos próximos três anos.
Por outro lado, elevaram a projeção do yield marginal mensal para 2,7% (antes 2,6%), o que compensa parcialmente a revisão negativa.
JSL: oportunidade de 70%
Na segunda posição em potencial de valorização aparece a JSL, com preço-alvo de R$ 10,80, equivalente a uma alta de 70%.
Atualmente, a ação negocia a um P/E 2026 de 4,5x, um desconto de 41% frente à média histórica de 5 anos (7,7x).
Segundo o Safra, a empresa enfrentou pressão na revenda de veículos leves, especialmente picapes, o que forçou revisão para cima das taxas de depreciação.
Ainda assim, a expectativa é que a depreciação volte ao nível histórico de 10% ao ano a partir de 2027, quando os preços dos ativos devem se estabilizar.
Em contrapartida, a recuperação de margens via renegociação de contratos ocorreu mais rápido do que o esperado, compensando parte do impacto negativo em 2025.
Outras ações
O Safra também destacou a Localiza e a própria JSL como suas principais escolhas no setor de transporte e logística, substituindo a Rumo no topo da lista.
“Essas companhias se sobressaem pela forte execução operacional, perspectiva favorável de resultados no curto prazo e posicionamento estratégico em segmentos com potencial estrutural de crescimento”, escreveram.
Na área de infraestrutura, a Motiva segue como principal aposta, apoiada em expansão de margem e múltiplos catalisadores.
O Safra reiterou compra e elevou o preço-alvo para R$ 18,80.
Já para a Ecorodovias, o preço-alvo foi revisto para R$ 9,50 (de R$ 9,10), mas a recomendação foi reduzida para neutro, dado o upside limitado após valorização de 100% no ano.
No caso da Rumo, o preço-alvo caiu de R$ 31,70 para R$ 21,80, refletindo dinâmica de frete mais fraca, capex elevado e postura mais conservadora em relação às tarifas futuras.
Nas locadoras, a Localiza mantém desempenho robusto, com repasse de tarifas e renovação de frota. O Safra manteve a recomendação de compra, mas ajustou o preço-alvo para R$ 53,20.
Para a Movida, o preço-alvo foi reduzido para R$ 8,40, mantendo neutro, diante de juros altos e alavancagem elevada que limitam o upside no curto prazo.