Santander (SANB11): Não espere grandes saltos em 2025, diz CEO

O Santander (SANB11), que passa por uma reestruturação, após enfrentar um período de queda das margens e do lucro, deverá ter um 2025 sem grandes saltos nos resultados, afirmou o CEO, Mario Leão, em conferência de resultados com jornalistas.
Segundo o CEO, há intenção clara de continuar evoluindo.
“Mas não se espera um salto em 2025. Isso porque muito da primeira fase de melhorias de 2024 já foi realizado”.
Agora, afirma o executivo, o momento é de lapidação e continuidade da execução estratégica, com foco em uma visão de médio prazo — e esse médio prazo está cada vez mais próximo, dentro de alguns poucos anos.
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Mais cedo, o Santander divulgou lucro de R$ 3,9 bilhões no primeiro trimestre de 2025, alta de 27,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
A cifra ficou acima do esperado pelo consenso reunido pela Bloomberg, que aguardava lucro de R$ 3,6 bilhões.
Ainda segundo o CEO, o Santander continua com objetivo de atingir uma rentabilidade de 20% ou mais.
“Não se trata de um “número mágico” após o qual tudo estará resolvido. Mas existe, sim, a ambição concreta de alcançar esse patamar — e com um lucro maior, porque fazer 20% de rentabilidade com lucro de R$ 10 bilhões não tem graça”.
No trimestre, o ROE, retorno sobre o capital, número olhado de perto por analistas, ficou em 17,4%, alta de 3,3 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado.
Trata-se de uma surpresa, já que parte de analistas esperava uma queda no indicador.
A XP, por exemplo, aguardava ROE de 16,2%. Com isso, o banco segue com a sua recuperação, iniciada desde o quarto trimestre de 2023 após enfrentar deterioração da qualidade dos ativos no pós-pandemia.
“O que o primeiro trimestre mostra — e que deixa a gestão bastante satisfeita — é que foi possível manter um patamar de lucro e rentabilidade compatível com o ano anterior. Quando falo em patamar, me refiro à ordem de grandeza, com pequenas variações”.
Ainda segundo ele, tudo aponta para a possibilidade de chegar aos 20%, talvez um pouco mais.
“Os resultados já mostram esse caminho nas entrelinhas, e as ações específicas já revelam como isso vem sendo construído”.
Santander e o cenário macro
O CEO também afirma que 2025 começa com um ambiente macroeconômico mais complexo — não apenas para o Santander Brasil, mas também para a economia real.
A filial do banco espanhol, junto com o Bradesco (BBDC4), é apontada como uma das perdedoras com a esticada da Selic, a taxa básica de juros, que pode chegar a 15% em 2025.
“A inflação média será mais alta que no ano passado, e isso afeta não só o crescimento, mas também a dinâmica da carteira, a capacidade de pagamento das famílias e empresas. E, com a Selic em alta, o cenário se torna ainda mais desafiador”.
Entre analistas, a inadimplência foi um ponto negativo.
Chamou atenção o aumento da inadimplência de curto prazo (15 a 90 dias), especialmente no varejo (+60 pontos-base). “Isso pode indicar piora na qualidade dos ativos. Espera-se mais detalhes na teleconferência”, escreveu o Safra.
Já o Goldman Sachs diz que a receita total veio abaixo do esperado, com inadimplência inicial (early NPLs) subindo 40 bps no trimestre (principalmente no varejo), “o que deve gerar reação levemente negativa do mercado”.
A ação caia 0,11%, a R$ 28,37, por volta das 11h30.
“Trata-se de uma deterioração marginal, restrita a alguns subportfólios. Não é generalizada. Nada comparável ao que o setor enfrentou em 2021 e parte de 2022–23. Não se trata de uma crise de crédito. Mas há sinais pontuais”, diz.
Ele cita o agronegócio, onde houve forte crescimento nos últimos anos (a carteira do agro dobrou entre 2021 e 2023).
“Não há arrependimento por esse crescimento, mas como em qualquer ciclo, o agro também tem seus altos e baixos”.
O lado positivo, em sua visão, é que essas operações têm bastante garantia. Porém, há aumento de recuperações judiciais (RJ), inclusive de pessoas físicas, já que muitos produtores operam via CPF e não via CNPJ.
Outro segmento com deterioração marginal é o de médias e grandes empresas.
“Embora não seja algo sistêmico, vários casos já saíram na imprensa. O número de RJs no ano passado foi recorde, e o volume nos primeiros meses de 2025 também é relevante”.