Santander tira 0,3 ponto da inflação e sinaliza: ‘esperamos o IPCA 2025 dentro do intervalo da meta’
O Santander revisou sua projeção para a inflação de 2025 de 4,7% para 4,4%. A estimativa é que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) feche este ano dentro do intervalo de tolerância da meta perseguida pelo Banco Central (BC) — de 3%, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
A apreciação cambial e os preços acomodados das commodities seguem como os principais fatores de curto prazo para a desinflação, afirmam a diretora de macroeconomia do banco, Ana Paula Vescovi, e sua equipe.
Os efeitos cumulativos da política monetária restritiva também ganham peso na explicação para a continuidade da queda do índice. “A combinação de juro real elevado e câmbio bem-comportado seguem sugerindo risco baixista para nossos números de IPCA”, dizem.
Os economistas afirmam que, na reta final do ano, o resultado dos preços depende do comportamento de curto prazo de seus componentes. “A recente tendência de desinflação tem sido liderada pelos bens comercializáveis, que desaceleraram em meio à queda dos preços das commodities em real, e esse movimento pode se estender por mais alguns meses.”
Olhando à frente, eles acreditam que a continuidade da desinflação depende de dois fatores principais: a manutenção do comportamento das commodities em reais e a efetividade da taxa de juros real.
O Santander também revisou a projeção para o IPCA de 2026 de 4,2% para 3,9%.
A nova estimativa incorpora o impacto da reforma da renda sobre o consumo de bens e serviços, mas há risco de subestimação desses efeitos. Além disso, o ano eleitoral pode trazer maior incerteza e provocar mais volatilidade nos ativos, especialmente no câmbio.
O banco reitera ainda que espera uma boa safra de grãos no próximo ano, o que pode ajudar a manter os preços das commodities agrícolas acomodados. “Vemos qualquer adversidade climática como risco altista para o IPCA. As condições climáticas também são fatores fundamentais para a geração de energia, em que projetamos neutralidade de bandeira em relação a 2025”.
As projeções para PIB e Selic
Para o Produto Interno Bruto (PIB), o Santander manteve o avanço projetado de 2% em 2025 e de 1,5% em 2026, com consumo sustentado pela isenção do Imposto de Renda e crédito mais fraco.
“Continuamos prevendo uma desaceleração gradual da atividade econômica ao longo do segundo semestre de 2025, com o balanço de riscos inclinado para o lado negativo.”
Já o impulso fiscal deve alcançar 1,5% do PIB, mantendo a meta factível, porém elevando a dívida e os riscos à sustentabilidade.
Do lado da política monetária, o banco vê o início dos cortes da Selic em janeiro, condicionado à continuidade do processo de reancoragem das expectativas de inflação e à estabilização das revisões de hiato por parte do BC.
Os economistas revisaram, no entanto, a projeção para a extensão do ciclo de flexibilização em 2026, em linha com a nova revisão baixista para o IPCA do próximo ano. “Esperamos quatro cortes de 50 pontos-base seguidos por dois cortes de 25 pontos-base e encerrando o ano com Selic em 12,50%”, dizem.