Santander vê ‘momento ruim’ para biodiesel; uma ação larga na frente com mudança na mistura

O Santander avalia que o aumento do percentual de biocombustíveis aos combustíveis fósseis pode pesar para as distribuidoras. A avaliação é de que a medida tem um reflexo misto para três grandes distribuidoras de combustíveis: Vibra Energia (VBBR3), Ultrapar (UGPA3) e Raízen (RAIZ4). Para 3tentos (TTEN3), o cenário é positivo.
Na última quarta-feira (25), o Governo Federal, através do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), elevou os percentuais de mistura de biocombustíveis aos combustíveis fósseis vendidos pelas distribuidoras.
Com isso, a partir de agosto de 2025, a mistura de biodiesel no diesel B sai de 14% para 15%, enquanto o blend de etanol anidro na gasolina C foi elevado de 27% para 30%.
Segundo o banco, a mudança para o biodiesel, que estava prevista para ocorrer em março, não surpreende o mercado, uma vez que era algo amplamente esperado dado o projeto de lei do “Combustível do Futuro”.
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“O aumento da obrigatoriedade de etanol anidro pode reduzir custos e melhorar a competitividade da gasolina em relação ao etanol hidratado nas bombas. No entanto, acreditamos que esses ganhos de custo tendem a ser compensados por reduções nos preços”, discorrem Rodrigo Almeida, Guilherme Palhares e Eduardo Muniz.
Quanto ao aumento da mistura de biodiesel no diesel, o Santander acredita que ela aconteceu em um momento desfavorável, dado que:
- A ANP suspendeu recentemente seu programa de verificação da qualidade dos combustíveis para o mês de julho;
- Os prêmios do biodiesel em relação ao diesel aumentaram.
“Esses dois fatores podem reduzir o incentivo de players fora dos conformes a respeitar a mistura obrigatória (e, com menos fiscalização, podem até incentivar a redução da mistura), o que prejudicaria os grandes players que seguem as regras”, afirmam. Com isso, as distribuidoras podem ter dificuldades para repassar os custos mais altos com a compra de biodiesel, o que pode pressionar suas margens no diesel.
O biocombustível nas ações da 3tentos
Para os analistas, a decisão de aumentar a mistura de biodiesel é amplamente positiva, especialmente para 3tentos. Desde o anúncio do adiamento anterior na alteração da mistura, os preços do biodiesel caíram 6%, e a capacidade ociosa da indústria segue elevada, em torno de 25%.
“Estimamos que o Brasil tem capacidade instalada suficiente para atingir uma taxa de mistura de até 18%. A nova postura política pode impulsionar uma recuperação nos preços do biodiesel e nas margens do setor — especialmente no atual ambiente de preços deprimidos da soja no Brasil”.
Na avaliação do Santander, os players integrados, que produzem soja e biodiesel, serão os mais beneficiados, já que a redução na diferença entre os preços do óleo de soja e do biodiesel prejudicou as margens das operações exclusivamente de refino.
“Quanto ao etanol, o aumento na taxa de mistura já era amplamente esperado, dado o crescimento da produção de etanol de milho, e a demanda adicional pode ajudar o setor a mitigar o risco de excesso de oferta”.
Apesar dessas questões, o Santander conta com recomendação neutra para essas quatro ações.
- Vibra (VBBR3): preço-alvo de R$ 20,50 e potencial de queda de 5,96%
- Ultrapar (UGPA3): preço-alvo de R$ 21 e potencial de alta de 20,69%
- Raízen (RAIZ4): preço-alvo de R$ 1,90 e potencial de alta de 15,85%
- 3tentos (TTEN3): preço-alvo de R$ 18 e potencial de alta de 23,46%